Uma das principais revistas científicas da Austrália foi criticada nesta quinta-feira (8) por uma série de artigos gerados por inteligência artificial (IA) que, segundo especialistas, eram imprecisos ou simplificados demais.

A Cosmos, publicada por uma agência científica apoiada pelo governo australiano, usou o programa Chat GPT-4 da Open AI para produzir seis artigos no mês passado.

Embora a revista tenha reconhecido o uso de IA em sua produção, a Associação Australiana de Jornalistas Científicos expressou várias preocupações sobre o resultado.

Seu presidente, Jackson Ryan, disse à AFP que em um artigo intitulado "O que acontece com nossos corpos após a morte?", as descrições do processo científico estavam incorretas ou eram simples demais.

Por exemplo, o programa escreve que o rigor mortis ocorre de três a quatro horas após a morte. Mas Ryan explica que a pesquisa científica indica que o período é menos definitivo.

Outro exemplo inclui a descrição da autólise, um processo no qual as células são destruídas por suas enzimas, mas a revista afirma que elas "se autodestroem". De acordo com Ryan, essa é uma descrição muito ruim do processo.

De acordo com um porta-voz da agência nacional de ciência que publica a revista, o conteúdo gerado pela IA foi revisado por "um comunicador científico treinado e editado pela equipe editorial da Cosmos".

Ainda assim, a revista se comprometeu a continuar analisando o uso do serviço de IA nesse experimento, acrescentou.

Uma ex-editora da revista, Gail MacCallum, disse à ABC da Austrália que ela era uma "grande defensora da exploração da IA", mas que criar artigos com ela estava "além da minha zona de conforto".

Outro ex-editor, Ian Connellan, disse à ABC que não havia sido informado sobre o projeto e que, se tivesse sido, teria avisado que era "uma má ideia".

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