A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, nesta quarta-feira (14), a varíola do macaco (mpox) como uma emergência internacional de saúde pública, seu maior nível de alerta. 

"Hoje o comitê de emergência se reuniu e me comunicou que, na sua opinião, a situação constitui uma emergência de saúde pública de alcance internacional. Aceitei essa recomendação", declarou o diretor-geral da agência sanitária da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus. 

"É uma situação que deveria preocupar todos nós", acrescentou, durante uma coletiva de imprensa. 

O chefe da OMS é o único que pode decretar uma emergência desse tipo, com a assessoria de um comitê de especialistas. 

Os 15 membros desse comitê consideraram que os critérios para declarar uma emergência internacional de saúde pública foram cumpridos, explicou o presidente do grupo, Dimie Ogoina. 

O organismo da ONU já havia tomado uma decisão similar em 2022, quando ocorreu um surto mundial de varíola do macaco causada por uma cepa conhecida como clade IIb. 

Mas a epidemia atual, originária da República Democrática do Congo (RDC) e limitada à África até agora, tem suas próprias características. 

O vírus, mais contagioso e perigoso, é causado pelo clade I e uma variante ainda mais perigosa, o clade Ib. Sua taxa de mortalidade é estimada em 3,6%. 

A agência sanitária da União Africana declarou na terça-feira uma "emergência de saúde pública", seu máximo nível de alerta, em resposta à crescente epidemia de Mpox no continente. 

Um total de 38.645 casos foram registrados em 16 países africanos desde janeiro de 2022, com 1.456 mortes. 

Além disso, foi registrado um aumento de casos de 160% em 2024 em relação ao ano anterior, segundo dados publicados na semana passada pelo África CDC. 

"Nós enfrentamos várias epidemias com diferentes clades em diferentes países, com diferentes modos de transmissão e diferentes níveis de risco", alertou Tedros. 

- "Não será fácil" -

Conhecida como varíola do macaco, a mpox é uma doença viral que se propaga do animal para o humano, mas também é transmitida por contato físico próximo com uma pessoa infectada pelo vírus. 

O clade Ib provoca erupções cutâneas em todo o corpo, enquanto as cepas anteriores se caracterizavam por erupções localizadas e lesões na boca, no rosto ou nas partes genitais. 

A mpox foi descoberta em humanos em 1970 na atual República Democrática do Congo (antigo Zaire), com a difusão de um subtipo clade I e o contágio se dava por contato com animais. 

Marion Koopmans, diretora do Centro de Gerenciamento de Pandemias e Desastres da Universidade Erasmus de Roterdã, disse que uma PHEIC “eleva o nível de alerta globalmente e pode permitir que a OMS tenha acesso a fundos para resposta de emergência”. 

No entanto, “as mesmas prioridades permanecem: investir na capacidade de diagnóstico, na resposta da saúde pública, no apoio ao tratamento e na vacinação”, disse ela, alertando que isso seria um desafio, já que a RDC e seus vizinhos estão carentes de recursos. 

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