O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela afirmou, nesta quarta-feira (14), que o relatório do painel de especialistas das Nações Unidas sobre as eleições presidenciais de 28 de julho está "cheio de mentiras e contradições" e insistiu em que um "ciberataque terrorista" impede a divulgação do escrutínio detalhado.

O relatório era a princípio privado para o secretário-geral da ONU, António Guterres, mas a organização tornou pública uma versão preliminar na qual sustenta que o CNE "não cumpriu com as medidas básicas de transparência e integridade que são essenciais para a realização de eleições confiáveis".

A autoridade eleitoral considerou que a publicação "demonstra a intencionalidade política perversa dessa difusão, composta de argumentos falaciosos e desfigurados".

"O conteúdo do dito 'informe' é um documento panfletário e sua 'perícia' fica absolutamente desmoronada em vista dos argumentos pobres e facilmente desmentíveis que usam para tentar deslegitimar o processo eleitoral impecável e transparente realizado em 28 de julho", acrescentou.

A Chancelaria já tinha condenado na véspera a publicação do relatório e seu conteúdo.

Maduro foi proclamado reeleito com 52% dos votos, mas a oposição liderada por María Corina Machado denuncia fraude e reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, enquanto o presidente esquerdista denuncia uma tentativa de "golpe de Estado" e de "guerra civil".

O CNE - que ainda não publicou os dados desagregados, seção por seção - insiste que seu sistema foi alvo de um "ciberataque terrorista": seu site na internet, de fato, segue fora do ar mais de 15 dias depois das eleições.

"Apesar do atraso no processo de transmissão dos resultados, foram aplicados os protocolos de contingência, com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) conseguindo ter a transmissão de 80% das atas, com resultado irreversível a favor do candidato Nicolás Maduro", assinalou o texto. 

"Posteriormente ao anúncio do boletim ao país, não foi possível realizar a divulgação dos resultados por ataques contínuos às plataformas de divulgação, que estão, sim, expostas à internet", acrescentou o CNE.

Após a proclamação da vitória de Maduro, eclodiram protestos que deixaram 25 mortos, 192 feridos e mais de 2.400 detidos, segundo números oficiais.

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