Os Estados Unidos negaram nesta sexta-feira (16) que a cooperação antidrogas com o México tenha sido interrompida após a captura do chefão do narcotráfico Ismael "Mayo" Zambada, cujas circunstâncias levantam dúvidas sobre a confiança entre ambos os governos.

"A cooperação com o México em questões de segurança continua muito bem", afirmou o embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, em uma coletiva de imprensa, na qual desmentiu rumores sobre uma suposta interrupção na colaboração entre as agências de ambos os países.

"O que foi dito (...) que a cooperação havia parado, não, é falso", enfatizou.

Zambada, chefe histórico do Cartel de Sinaloa, por quem Washington oferecia 15 milhões de dólares, foi detido no último dia 25 de julho no Novo México (EUA), após aterrissar em um avião particular com um filho de seu ex-sócio, o encarcerado Joaquín "Chapo" Guzmán.

No entanto, persistem lacunas sobre os fatos e as circunstâncias da prisão do narcotraficante mexicano, de 76 anos, que afirmou, por meio de seu advogado, que foi sequestrado e entregue aos Estados Unidos por Joaquín Guzmán López.

Ambos os governos negam ter participado da operação, embora o México tenha mencionado conversas prévias entre o filho de "Chapo" e funcionários dos Estados Unidos.

Zambada alega que sofreu uma emboscada quando estava prestes a se encontrar com Guzmán López, o governador de Sinaloa, Rubén Rocha – aliado do governo federal – e o congressista Héctor Cuén, perto de Culiacán (estado de Sinaloa).

Rocha negou ter participado desse encontro, enquanto Cuén foi assassinado em circunstâncias confusas, o que reacendeu no México o longo histórico de vínculos entre a política e o narcotráfico.

A Procuradoria-Geral da República do México (FGR, sigla em espanhol) informou na quinta-feira que ainda não recebeu informações solicitadas à sua contraparte americana sobre o voo, a aeronave e seus passageiros.

O órgão anunciou que acusará de "traição à pátria" os mexicanos que forem envolvidos no suposto sequestro.

Salazar disse que seu governo está compartilhando todas as informações e que há uma "comunicação muito profunda com o governo do México sobre o que sabemos", mas ressaltou que, por se tratar de um caso relevante, é necessário "proteger a integridade dessas investigações".

Um dos elementos mais controversos do caso é a morte de Cuén. Enquanto Zambada afirma que ele foi assassinado no local do encontro, a Procuradoria de Sinaloa sustenta que ele foi baleado em uma tentativa de roubo em um posto de gasolina.

A FGR, que assumiu a investigação da captura de "Mayo", desacreditou na quinta-feira a investigação sobre o homicídio de Cuén, após o que a procuradora de Sinaloa, Sara Quiñónez, renunciou ao cargo nesta sexta-feira.

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