Deputados paraguaios aprovaram por maioria, nesta terça-feira (20), um pedido de destituição do ministro do Interior e do chefe de polícia, após a morte de um colega da base aliada em um tiroteio com agentes durante uma operação na casa do parlamentar.
Em sessão plenária da Câmara dos Deputados, os congressistas condenaram o que consideraram "um assassinato" e aprovaram uma declaração pedindo a destituição do chefe de polícia, Carlos Benítez, e do ministro do Interior, Enrique Riera, "por mau desempenho de suas funções".
"Estamos diante de um terrorismo de Estado. Foi a execução de um legislador em um procedimento que tem mais sombras do que luzes", expressou o deputado opositor Diosnel Aguilera.
Eulalio Gomes, um rico pecuarista do nordeste paraguaio, foi abatido na segunda-feira por agentes antidrogas em um procedimento autorizado por um juiz que investiga os laços do parlamentar com narcotraficantes brasileiros. Ele tinha 67 anos e pertencia ao Partido Colorado (conservador), que governa o país.
Os altos funcionários, no entanto, foram novamente respaldados pelo presidente Santiago Peña.
"Minhas condolências para a família de Lalo Gomes e para seus colegas da Câmara dos Deputados. A Polícia cumpriu a ordem de um juiz. Reafirmo meu compromisso com o trabalho das instituições. Apoio o ministro do Interior", declarou Peña à imprensa nesta terça-feira em Assunção.
Na segunda-feira, o comissário Benítez informou que foram realizados dois mandados de busca nas propriedades de Gomes na cidade de Pedro Juan Caballero, a 550 km a nordeste de Assunção, na fronteira por terra com o Brasil, e disse que em ambos houve disparos, que foram respondidos pelos policiais.
"Os envolvidos foram repelidos com disparos e responderam ao fogo, ferindo mortalmente o parlamentar", explicou Benítez.
A ordem de busca foi assinada por um juiz para a captura "de pessoas suspeitas de fazer parte de um esquema de lavagem de ativos provenientes do narcotráfico e associação criminosa".
Entre as pessoas procuradas estava Alexandre Gomes, filho do político, que escapou, mas depois se entregou às autoridades, segundo o relatório policial.
O chefe de Polícia esclareceu que não havia previsão para prender Eulalio Gomes, que gozava de imunidade parlamentar, mas sim para apreender documentos relacionados à investigação.
O advogado da família Gomes, citado pela imprensa, indicou que apresentará uma denúncia por homicídio e, segundo a viúva, os policiais envolvidos não se identificaram durante os primeiros disparos.
O procurador-geral, Emiliano Rolón, indicou que a investigação, já em andamento, deve esclarecer "a morte ocorrida durante a intervenção policial".
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