O ex-presidente Barack Obama retornará ao palco da Convenção Nacional Democrata em sua cidade natal, Chicago, para fazer o discurso principal na terça-feira (20/08) — 20 anos após sua estreia no evento colocá-lo sob os holofotes nacionais.

É um momento sensível para uma das figuras mais populares do partido.

Ele deve usar seu discurso para abordar a importância histórica da candidatura de Kamala Harris — a primeira mulher não branca a liderar a chapa — como uma continuação de seu legado.

Mas ele também deve homenagear o seu ex-vice-presidente e um dos principais responsáveis pela ascensão de Harris: o presidente Joe Biden.

 



 

Obama, 63, e Harris, 59, moveram-se em órbitas políticas sobrepostas desde os dias dele como parlamentar estadual em Illinois concorrendo ao Senado dos EUA.

Os dois, ambos em ascensão em suas carreiras políticas em formação, conheceram-se em um evento de arrecadação de fundos na Califórnia em 2004.

Harris depois se voluntariou para a campanha presidencial de Obama e ajudou a impulsionar a primeira vitória dele, em 2008.

Estimulados pelo atual entusiasmo do partido pela campanha de Harris, Obama e sua popular esposa, Michelle Obama, tentarão retribuir as demonstrações de apoio da candidata democrata no passado e ajudar a levá-la para a Casa Branca.

"Acho que ele pode entusiasmar as pessoas sobre ela e sobre as apostas [para o resultado da eleição], e acho que é isso que ele pretende fazer hoje", disse David Plouffe, gerente de campanha de Obama em 2008 e agora conselheiro da campanha de Harris, ao site de notícias Axios.

 

 

Confira alguns dos principais momentos da parceria de duas décadas entre Obama e Harris.

Obama lança campanha para a Casa Branca em 2007

Harris, então promotora distrital de São Francisco, estava na multidão de mais de 15.000 pessoas quando o então senador Obama anunciou sua candidatura para a Casa Branca nos degraus do edifício Old State Capitol em Springfield. Era fevereiro de 2007.

Ela continuaria batendo em portas e arrecadando dinheiro para Obama antes das primárias de Iowa em 2008, mais tarde servindo como sua codiretora de campanha na Califórnia.

Obama emprestou a Harris um pouco de sua fama nacional dois anos depois, quando ela lançou sua candidatura para procuradora-geral da Califórnia, contra o republicano Steve Cooley — um popular promotor distrital de Los Angeles.

Ela passou a ser carinhosamente chamada de "a Barack Obama mulher" pela âncora da emissora PBS News Gwen Ifill.

Obama, que sofreria grandes perdas no Congresso naquele ano eleitoral, arranjou tempo para aparecer em um comício em Los Angeles em outubro de 2010, no qual se referiu a Harris como "querida amiga minha".

"Quero que todos façam o certo por ela", ele disse à multidão.

Harris conseguiu uma vitória por menos de um ponto percentual.

Discurso de Harris na convenção de 2012

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Obama deu a Harris um cobiçado papel de oradora na Convenção Nacional Democrata de 2012 para sua reeleição.

Ela já havia feito seu nome na Califórnia em termos de quebra de barreiras como a primeira pessoa não branca e mulher a servir como promotora distrital de São Francisco.

 

 

Ela também foi a primeira pessoa de origem afro-americana e sul-asiática eleita como a principal advogada do estado.

Mas como procuradora-geral, ela ganhou as manchetes por se manter firme nas negociações sobre um acordo financeiro com os bancos envolvidos na crise imobiliária, garantindo mais de US$ 25 bilhões em nome dos proprietários de imóveis.

Na época, ela elogiou Obama por defender os americanos durante a crise e atacou o então candidato republicano Mitt Romney como um aliado de Wall Street.

"Precisamos seguir em frente", ela disse em um discurso, uma frase que ela já repetiu em sua campanha de 2024.

"O presidente Obama lutará pelas famílias trabalhadoras. Ele lutará para nivelar o jogo econômico e lutará para dar a cada americano a mesma chance justa que minha família teve."

Suas declarações vieram logo antes de falas do ex-presidente democrata Bill Clinton sobre o assunto, conquistando um lugar que chamou a atenção de democratas e doadores a nível nacional.

Obama a chama de 'procuradora-geral mais bonita'

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Obama e a então procuradora-geral Harris

Em 2013, Obama chamou a atenção ao se referir a Harris como "a procuradora-geral mais bonita do país".

"É preciso ter cuidado para, antes de tudo, dizer que ela é brilhante, dedicada e durona. Ela é exatamente o que você espera de qualquer pessoa que esteja cuidando da lei e garantindo que todos tenham uma chance justa", disse o então presidente em um evento de arrecadação de fundos em São Francisco.

 

 

"Ela também é, de longe, a procuradora-geral mais bonita do país."

Horas depois, ele ligou para se desculpar pelo comentário.

"Eles são velhos amigos, e bons amigos, e ele não queria de forma alguma diminuir" suas realizações, disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney mais tarde.

Obama apoia candidatura dela ao Senado em 2016

Em 2016, no auge de seu poder entre os democratas e terminando seu segundo mandato como presidente, Obama apoiou Harris na disputada corrida para o Senado da Califórnia.

Em julho daquele ano, ele e o vice-presidente Joe Biden anunciaram formalmente seu apoio a Harris, que estava concorrendo contra a democrata e parlamentar Loretta Sanchez.

No sistema de primárias da Califórnia, os dois mais votados avançam para a eleição geral, independentemente do partido.

"Kamala é uma promotora vitalícia com apenas um cliente: o povo do estado da Califórnia. Essa é a abordagem que ela adotará para o Senado dos Estados Unidos", disse Obama em uma declaração divulgada pela campanha de Harris.

Biden disse que a conhecia por meio de seu filho Beau Biden, que fez amizade com a Harris quando era procurador-geral de Delaware durante negociações sobre a crise das hipotecas.

Harris venceu facilmente a eleição e se tornou a segunda mulher negra a servir no Senado dos EUA.

Primeira mulher vice-presidente

 

 

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Um encontro com luvas e máscaras na posse de Harris como vice-presidente, em 2021

Nas primárias, a candidatura de Harris para a presidência começou como um espetáculo, lançado em sua cidade natal, Oakland, Califórnia, diante de uma multidão de 20.000 pessoas em 2019.

Como outros no campo lotado de candidatos disputando a nomeação democrata, ela se encontrou com Obama para defender sua candidatura.

Mas Obama, com seu próprio vice-presidente preparando uma candidatura também, queria ficar fora da disputa e esperar até que o partido selecionasse seu indicado, antes de oferecer seu cobiçado endosso.

A campanha de Harris entrou em colapso em menos de um ano, e Joe Biden lhe ofereceria um afago como sua companheira de chapa.

Obama disse que seu vice-presidente "acertou em cheio nessa decisão" ao escolher Harris para a chapa.

"Escolher um vice-presidente é a primeira decisão importante que um presidente toma. Quando você está no Salão Oval, ponderando as questões mais difíceis, e a escolha que você faz afetará as vidas e os meios de sobrevivência de todo o país, você precisa de alguém junto com você que tenha o julgamento e o caráter para tomar a decisão certa", declarou Obama.

Desde 2020, Obama tem mantido contato frequente com Harris, dando conselhos e apoio.

2024: apoio de Obama depois de desistência de Biden

Barack e Michelle Obama esperaram vários dias para demonstrar apoio a Harris, até ter ficado claro que não havia concorrentes democratas e que ela era a escolha do partido.

O casal divulgou um vídeo deles ligando para Harris para comunicar o apoio à campanha.

"Nós nos conhecemos há 20 anos. Eu vi como você se destacou em todas as posições em que esteve", disse Obama no telefonema.

"Só de ver todo esse trabalho duro ser reconhecido é algo que nos deixa muito entusiasmados. E então a principal coisa que queríamos fazer era apenas informá-la e informar Doug [Emhoff], nosso futuro primeiro-cavalheiro, que faremos tudo o que pudermos para ajudar a levá-la para a presidência."

Nos últimos meses, os dois têm mantido contato próximo, pois Obama tem procurado dar apoio através de aconselhamento político e estratégico, arrecadação de fundos e esforços para atrair votos.

 

 

Harris também conta com muitos dos veteranos de campanha e governo de Obama.

Eric Holder, que atuou como procurador-geral dos EUA durante o governo Obama, liderou esforços para escolher o vice-presidente na chapa de Harris, enquanto David Plouffe atua como um dos conselheiros mais experientes da candidata.

A campanha dela também recrutou outros assessores de Obama, incluindo Jennifer O'Malley Dillion, a diretora de campanha dela, e a conselheira sênior Stephanie Cutter.

A ex-diretora de comunicações de Obama, Jennifer Palmieri, também está ajudando o marido de Harris, Doug Emhoff.

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