Os democratas usaram todo tipo de recurso para atrair para sua convenção de Chicago um público jovem, um setor do eleitorado crucial para suas possibilidades de vitória nas eleições americanas de novembro. 

A eles está essencialmente destinada uma feira de atrações chamada "DemPalooza", uma alusão ao popular festival de música "Lollapalooza" que acontece durante os verões (norte) nessa cidade, a maior de Illinois. 

No cardápio: workshops e palestras, além de manicure, confecção de pulseiras e distribuição de preservativos.

"É muito divertido", afirmou Cadence Warner, de 17 anos, colocando as últimas miçangas de sua pulseira azul com a inscrição "Vote" e "Kamala", em referência a Kamala Harris, a candidata presidencial democrata. 

Longe de ser um evento paralelo à Convenção Nacional Democrata, os workshops apresentam uma oportunidade para falar de política, disse Jessica Siles, de 24 anos, membro da organização "Voters of Tomorrow" (Eleitores do Amanhã, em tradução literal). 

"De início parece um pouco bobo, mas é relevante (e) é um grande tema para iniciar uma conversa", afirmou, apontando para as pulseiras de miçangas popularizadas pelos fãs da estrela do pop Taylor Swift, mas também para preservativos com a inscrição "Fuck Project 2025", em referência a um programa conservador desenvolvido pelos correligionários do ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump. 

- Eleições muito disputadas -

Embora os jovens historicamente votem nos democratas, mobilizá-los desta vez será essencial para o partido, já que as eleições prometem ser muito disputadas. 

Apenas 53% dos americanos de entre 18 e 29 anos disseram que estavam seguros de votar em novembro, segundo uma pesquisa publicada em abril pelo Instituto de Política da Escola Kennedy de Harvard. 

Essas eleições “serão vencidas em grande parte pelo seu grupo demográfico”, enfatizou o companheiro de chapa de Harris, Tim Walz, durante uma aparição surpresa na terça-feira em um evento organizado para jovens.

"Serão vocês que elegerão a primeira mulher presidente dos Estados Unidos", disse o professor ante um público entusiasmado. 

Depois que o atual presidente Joe Biden, de 81 anos, se retirou da corrida eleitoral, "Kamala Harris devolveu a alegria ao nosso partido e deu nova energia a nossa força política", afirmou entusiasmado David Seaton, um delegado de Massachussets de 19 anos. "É precisamente a energia o que realmente motiva os jovens a votar", acrescentou. 

"Antes que Kamala fosse nossa indicada, tínhamos alguém muito mais velho, e não conseguíamos nos identificar com isso", disse entre risos Samantha Wigginton, de 19 anos. Jasmine Wynn, da mesma idade, concordou: "Acredito que Kamala, como candidata, reflete mais os jovens americanos. É realmente mais interessante para votar que Biden". 

- "Cultura pop" -   

Os democratas estão decididos a fazer a mensagem chegar aos jovens. 

Pela primeira vez na história do partido, mais de 200 influencers estão credenciados para participar do evento, uma presença maciça desenhada para inundar as redes sociais. 

"Foi a convenção mais favorável à juventude", elogiou Siles, da Voters of Tomorrow. "Há muita cultura pop, gírias de jovens, se sente que estão fazendo esforços para se aproximar de nós e não para nos levar ao seu nível", disse Wigginton, que veio a Chicago com seu pai do estado vizinho do Kentucky. 

Ainda assim, os jovens democratas alertam que o brilho falso e a purpurina não serão suficientes para ganhar o coração de sua geração. 

"O tema número um é na realidade a economia", disse Siles. Para ganhar, Kamala Harris, que se comprometeu a "lutar" pela classe média, terá que convencê-los de que é a melhor candidata para enfrentar o alto custo de vida e oferecer a eles um futuro melhor.  

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