SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O regime da Venezuela transformou a briga entre seu ditador, Nicolás Maduro, e o bilionário Elon Musk em tema de um episódio de "Súper Bigote" (super bigode), série de desenho animado produzida pela TV estatal.

 

A animação foi lançada em 2021. Com episódios que duram cerca de um minuto, ela é exibida nos intervalos comerciais da programação oficial.

 



 

O super-herói que a protagoniza é baseado em Maduro, e compartilha com o líder seu característico bigode. Com capa, capacete de operário e mão de ferro, ele combate o império americano e outros inimigos, inclusive opositores.

 

 

Em um episódio lançado recentemente, o inimigo do Super Bigode é Musk, retratado como o Diabo -ele tem o cabelo em forma de chifres e longas unhas, e se senta em uma cadeira de escritório com um pentagrama desenhado. Ainda veste uma braçadeira que imita a dos nazistas, mas com estampa da logo da rede social de que é dono, X, em vez de uma suástica.

 

 

O personagem do bilionário começa o episódio dizendo que quer fazer uma lavagem cerebral nos venezuelanos por meio do poder que exerce sobre as redes sociais e da tecnologia em geral. "Quero as riquezas naturais que esse país tem", diz ele, intercalando suas declarações com risadas malignas. "Estou indo atrás da Venezuela. Suas riquezas serão minhas", prossegue.

 

 

O Super Bigode reage dizendo que, naquele contexto, ele é "Davi contra Golias", uma referência à história bíblica do pastor Davi, o pequeno e corajoso defensor de seu povo, que derrotou um adversário muito maior e mais poderoso que ele, o gigante Golias.

 

Quando o Super Bigode exibe uma Bíblia e uma cruz, a cabeça do personagem de Musk começa a girar 360º, como acontece com os seres diabólicos dos filmes de terror.

 

 

Uma mão gigante dá um peteleco nele e ele vai parar em um outro planeta, uma referência à empresa privada de exploração espacial SpaceX, projeto do bilionário que tem entre os seus objetivos colonizar Marte.

 

"Deus está conosco e quem mexe com a Venezuela se dá mal. Derrotamos completamente o ciberataque que o imperialismo tentou realizar. O fascismo não entrará na Venezuela porque ela tem quem a defenda, e sou eu seu fiel protetor", conclui o Super Bigode.

 

Maduro acusa Musk de estar por trás de um suposto ataque hacker que teria causado a demora na divulgação das atas eletrônicas das eleições presidenciais.

 

Os documentos, similares aos boletins de urna brasileiros, permitiriam que o regime comprovasse a vitória de Maduro nas eleições presidenciais tal qual anunciado pelo órgão eleitoral venezuelano. Semanas após o pleito, Caracas continua se recusando a divulgá-los, a despeito da pressão internacional para fazê-lo.

 

Musk postou uma série de comentários sobre as eleições venezuelanas no X, rede social de que é dono, na época em que foram realizadas. Antes da votação, declarou apoio à oposição e disse que "o povo da Venezuela quer mudança".

 

Maduro respondeu chamando o bilionário de "arqui-inimigo da Venezuela" e anunciando a criação de uma comissão especial para avaliar o suposto ataque hacker e o sistema de segurança informática do órgão eleitoral nacional.

 

No último dia 8, ele determinou o bloqueio do X no país. Antes, o ditador já havia bloqueado o WhatsApp, e o desinstalou de seu celular em frente a apoiadores.

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