Israel bombardeou a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (16) enquanto prosseguem as negociações indiretas para um cessar-fogo com o Hamas e um dia após os ataques em grande escala entre Israel e o grupo libanês Hezbollah.

Após mais de dez meses de guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em território israelense em 7 de outubro, os bombardeios de Israel continuam castigando o pequeno território palestino.

Pelo menos cinco pessoas morreram em um bombardeio que atingiu uma casa no bairro de Al Rimal, na Cidade de Gaza, no norte, segundo fontes médicas.

"Continuamos buscando [...] Há mártires, feridos e desaparecidos sob os escombros", disse à AFP um socorrista que pediu anonimato.

Duas casas foram bombardeadas no bairro de Zeitun, também na Cidade de Gaza.

O Exército israelense afirma ter "eliminado" dezenas de combatentes em Khan Yunis e Rafah, no sul, assim como em Deir al Balah, no centro.

Enquanto isso, os mediadores dos Estados Unidos, Egito e Catar continuam tentando alcançar um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, juntamente com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos.

- Nova rodada de negociações -

Uma nova rodada de negociações começou na quinta-feira no Cairo com os israelenses.

O Hamas, que governa Gaza desde 2007, não participa dessas conversas, mas uma delegação do movimento islamista palestino se encontrou com mediadores egípcios e cataris no Cairo no domingo, segundo um de seus representantes.

Um dos principais obstáculos nas negociações é o "corredor Filadélfia", uma faixa de terra ao longo da fronteira entre Gaza e Egito que as tropas israelenses ocuparam desde maio e que Israel deseja manter sob controle.

O Hamas exige a retirada israelense da área e, em última instância, de todo o território palestino.

O Egito afirmou nesta segunda-feira que não aceitará forças israelenses em sua fronteira com a Faixa de Gaza, segundo uma fonte de alto escalão citada por um meio de comunicação próximo aos serviços de inteligência egípcios.

O conflito em Gaza eclodiu em 7 de outubro, quando combatentes do movimento islamista palestino atacaram o sul de Israel e mataram 1.199 pessoas, em sua maioria civis, segundo um balanço baseado em números oficiais.

Também foram tomados 251 reféns, dos quais 105 ainda estão em Gaza, incluindo 34 que os militares israelenses declararam mortos.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta ofensiva de retaliação que já deixou 40.435 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território, que não detalha quantos são civis e quantos são combatentes.

- "Se defender" -

Na fronteira norte de Israel, o Exército anunciou no domingo que havia frustrado "boa parte" de um ataque em grande escala do movimento islamista libanês Hezbollah, com uma série de bombardeios contra lançadores de foguetes do grupo no Líbano.

Segundo o Exército, foram atingidos "mais de 270 alvos".

O movimento libanês chamou o ataque de "sucesso", afirmando que disparou "mais de 320" foguetes e "um grande número de drones" contra instalações militares em Israel. Segundo o exército israelense, nenhuma base militar foi atingida no norte ou no centro do país.

O Irã celebrou o ataque e estimou que "o exército terrorista israelense perdeu seu poder ofensivo e dissuasivo" e deve "agora se defender", segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanani.

O Hezbollah, que no início da guerra abriu uma frente contra Israel em "apoio" ao seu aliado Hamas, havia ameaçado Israel com um ataque após a morte de um de seus líderes militares, Fuad Shukr, em um bombardeio israelense perto de Beirute em 30 de julho.

O grupo libanês disse no domingo que se trata apenas da "primeira fase" de retaliação, mas seu líder, Hasan Nasrallah, sugeriu depois que as ações de resposta à morte de Shukr poderiam ter terminado.

O Irã e seus aliados também ameaçaram vingar o assassinato, atribuído a Israel, do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã em 31 de julho, o que gerou temores de uma conflagração regional.

- "Para onde vamos agora?" -

A maioria dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foi deslocada pelo menos uma vez, após múltiplas ordens de evacuação do Exército israelense e bombardeios.

Depois de Rafah e Khan Yunis, Maha Al Sarsak, uma morador da Cidade de Gaza, encontrou abrigo no hospital dos Mártires de Al Aqsa, em Deir al Balah, onde houve uma nova ordem de evacuação.

"Primeiro, fomos para Rafah, e nos disseram para partir. Fomos para Khan Yunis, e nos disseram para ir embora. Viemos para Deir al Balah e, de novo, devemos ir embora", lamentou.

"Já chega! Para onde vamos agora?", perguntou.

Sentada em uma maca e cercada por seus pertences, Tamam Al Rai se prepara para sair do hospital sem saber para onde ir.

"Fui amputada. Disseram que tínhamos que sair, mas para onde vamos? Onde vamos receber tratamento?", lamentou. 

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