A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) fez um apelo ao governo da Nicarágua, nesta terça-feira (27), para que coloque fim ao "assédio judicial, policial e institucional" contra seus críticos, denunciando o fechamento de 49 meios de comunicação e o exílio forçado de pelo menos 263 jornalistas.

O governo do presidente Daniel Ortega deve "colocar fim ao uso arbitrário de mecanismos administrativos, legislativos, judiciais, financeiros e policiais que impedem o exercício da liberdade de expressão e outros direitos fundamentais", declarou a SIP ao divulgar um relatório sobre a deterioração das liberdades no país da América Central.

O documento relata que, após os protestos de 2018 contra a gestão de Ortega, a Nicarágua registrou uma "intensificação e aumento das agressões seletivas contra jornalistas, ativistas, artistas, meios de comunicação, estudantes, clérigos, (e) opositores políticos".

Os protestos de 2018 deixaram pelo menos 300 mortos, segundo a ONU, e Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, consideraram as mobilizações como uma tentativa de golpe de Estado patrocinada por Washington.

Segundo a SIP, o governo nicaraguense deve cessar o assédio "judicial, policial e institucional contra as vozes críticas e contra aqueles que exercem o seu direito à liberdade de expressão e à manifestação pacífica".

O relatório destaca ainda que desde então, a "perseguição" aos meios de comunicação independentes "piorou" e "a liberdade de expressão atingiu um estado crítico, praticamente nulo".

"A liberdade de imprensa se viu encurralada através do fechamento dos meios de comunicação, do confisco das propriedades onde funcionavam e do silenciamento da prática jornalística independente", acrescentou a SIP.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos classificou a situação da Nicarágua como "um tema de preocupação internacional", enquanto a ONG Repórteres Sem Fronteiras considera este cenário como "um filme de terror".

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