A Universidade de Buenos Aires (UBA) se somou nesta quinta-feira (29) ao repúdio de organizações de defesa dos direitos humanos e parlamentares opositores contra o ministro da Justiça argentino, Mariano Cúneo Libarona, após ele afirmar que o governo não apoia "identidades sexuais que não se alinham com a biologia".

"Nós rejeitamos a diversidade de identidades sexuais que não se alinham com a biologia, são invenções subjetivas", disse Cúneo Libarona na última terça-feira, durante uma exposição à comissão de Mulheres e Diversidade do Congresso, onde foi convocado para prestar contas sobre as políticas oficiais relacionadas ao tema.

A UBA, principal universidade da Argentina, publicou hoje um documento repudiando os comentários do ministro e afirmando que eles "desconhecem as bases legais e constitucionais" e "os direitos de todas as pessoas, sem distinção de gênero ou orientação sexual".

As declarações de Cúneo Libarona foram igualmente questionadas por parlamentares presentes à reunião da comissão, como o deputado opositor Maximiliano Ferraro, que as classificou como "uma barbaridade".

"Não se pode ignorar que ser gay, como eu sou, lésbica, travesti ou transexual sempre esteve associado à ignomínia e à discriminação em nossas casas, nos ambientes de trabalho, na política", disse Ferraro.

A Federação Argentina LGBT+ também criticou as declarações do ministro: "São inaceitáveis e expressam a profunda ignorância de quem deveria estar protegendo nossos direitos humanos fundamentais, em vez de violá-los como fez ontem."

Esteban Paulon, deputado opositor e ativista da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, fez um pedido formal ao presidente ultraliberal Javier Milei para que demita Cúneo e "designe alguém que respeite os direitos humanos". Além disso, ressaltou em suas redes sociais que "negar" as identidades e "reduzir a política de gênero a 'invenções subjetivas' é retroceder décadas na luta pela igualdade".

A Anistia Internacional Argentina condenou "os discursos que promovem a violência e o ódio contra a diversidade".

Em coletiva de imprensa ontem, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, expressou apoio ao ministro e afirmou que o governo não pedirá que ele renuncie.

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