A polícia da moralidade do Afeganistão, subordinada ao Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício (PVPV), interromperá a cooperação com a missão das Nações Unidas no país, informou um comunicado do governo talibã divulgado nesta sexta-feira.
"O PVPV deixará de prestar apoio e de cooperar com a UNAMA (sigla em inglês para Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão), que será considerada uma parte contrária", anunciou o ministério, ao acusar o organismo da ONU de "divulgar propaganda".
A decisão acontece depois que a UNAMA expressou "preocupação" com uma lei ratificada recentemente pelas autoridades talibãs, que impõe novas restrições às mulheres.
"Queremos que as organizações internacionais, os países e as pessoas que criticaram a lei respeitem os valores religiosos dos muçulmanos e se abstenham de tais críticas e declarações que insultam os valores sagrados do islã", acrescenta o comunicado.
A nova lei de 35 artigos, promulgada em 22 de agosto, controla potencialmente todos os aspectos da vida dos afegãos, tanto sociais como privados, em uma interpretação extremamente rigorosa da sharia, a lei islâmica.
O texto prevê sanções graduais para a violação da lei – que vão de advertências verbais até ameaças, multas e detenções de tempo variável –, impostas pela polícia da moralidade.
Em particular, o texto estipula que as mulheres devem cobrir o rosto e o corpo quando saem de casa, além de garantir que suas vozes não sejam ouvidas.
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