O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não reconhece a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, validadas pelo mais alto tribunal do pais caribenho, embora também não tenha reconhecido os resultados divulgados pela oposição, que reivindica vitória.

"Eu não aceito a vitória dele (Maduro), nem da oposição", disse Lula nesta sexta-feira (30) em entrevista à rádio MaisPB.

Lula, junto com seu homólogo colombiano, o também esquerdista Gustavo Petro, tem liderado os esforços para uma negociação entre o governo Maduro e a oposição, insistindo que devem ser divulgadas as atas da eleição presidencial com detalhes da apuração seção por seção.

"A oposição diz que ganhou. Ele (Maduro) diz que ganhou, mas não há prova. Nós estamos exigindo a prova", ressaltou Lula.

Maduro, no poder desde 2013, foi proclamado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral com 52% dos votos nas eleições de 28 de julho. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) posteriormente validou o resultado. Ambas as instituições são acusadas de servir ao chavismo.

A oposição publicou em um site cópias de mais de 80% das atas de votação e diz que os arquivos comprovam a vitória de Edmundo González Urrutia e a suposta fraude de Maduro.

Com essas declarações, Lula, um forte aliado do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez (1999-2013), padrinho político de Maduro, sobe ainda mais o tom em relação à Venezuela e se alinha com diversos países latino-americanos, Estados Unidos e União Europeia, que rejeitam a validação da vitória do presidente socialista.

No dia 16 de agosto, o presidente brasileiro já havia dito em entrevista a outra rádio que a "Venezuela vive um regime muito desagradável", embora não considere que "seja uma ditadura", mas sim "um governo com viés autoritário".

Diante das críticas internacionais, o governo venezuelano denunciou "ingerência" em seus assuntos internos e repete que não se pronunciou sobre os questionamentos do ex-presidente Jair Bolsonaro às eleições de 2022, nas quais ele foi derrotado por Lula.

Lula lembrou ter enviado uma carta a Maduro quando assumiu o cargo em 2013, instando o presidente socialista a "não repetir a mesma divisão que havia com Chávez" na Venezuela.

"Sinceramente, não sei o que Maduro fez, tomou uma decisão política (...) Que arque com as consequências dos gestos dele", acrescentou.

"Tenho consciência política de que tentei ajudar muito, mas muito e muito", observou.

A oposição venezuelana denuncia uma repressão violenta e prisões arbitrárias após as eleições.

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