O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que intensificou os ataques contra a imprensa durante seus seis anos de governo, recebeu nesta sexta-feira (30) dezenas de comunicadores que possuem influentes canais na plataforma YouTube.

"Nós não queremos um jornalismo submisso", declarou o líder de esquerda durante sua habitual coletiva de imprensa, que marcou a inauguração do encontro dos comunicadores sob o lema "informar é libertar".

López Obrador, que deixará o cargo em 1º de outubro e tem 4,4 milhões de inscritos em seu canal do YouTube, foi aplaudido pelos presentes.

"É uma honra estar com Obrador", gritaram os comunicadores convidados para o encontro, alguns deles originários da Argentina e do Peru.

"Não há precedente de um congresso de jornalistas e comunicadores independentes como o de hoje", disse Manuel Pedrero, um mexicano de 21 anos, estudante de ciências políticas e diretor do Los Reporteros MX.

As redes sociais ofereceram "ao mundo a possibilidade de contar sua própria versão, de contar sua própria verdade" frente aos "meios de comunicação hegemônicos", acrescentou Pedrero.

A tecnologia, que já foi a melhor aliada desses meios dominantes, tornou-se sua "perdição", destacou o jovem.

No entanto, a iniciativa de López Obrador suscitou ceticismo e críticas nas redes sociais, onde se encontram os jornalistas e comunicadores convidados pelo governo.

"Assim foi La Mañanera desta sexta-feira: youtubers aplaudindo e fazendo elogios a AMLO. Que cena penosa", destacou em sua conta no X a jornalista Érika Velasco, chefe de informação do Latinus, um portal web crítico ao governo.

"O presidente não começou falando sobre os narcobloqueios e tiroteios em Culiacán", acrescentou a jornalista, referindo-se à jornada de violência registrada na quinta-feira no estado de Sinaloa (noroeste).

López Obrador costuma acusar os meios tradicionais e os jornalistas influentes do México de serem parte da "máfia do poder".

Atingido por uma onda de violência do crime organizado, o México é considerado um dos países mais perigosos para se exercer o jornalismo, com mais de 150 comunicadores assassinados desde 1994, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

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