A Câmara dos Deputados do México, dominada pela situação, deveria votar, nesta terça-feira (3), uma polêmica reforma do Poder Judiciário em meio a bloqueios de trabalhadores do setor a esta sede, o que forçará os legisladores a se reunirem em um local alternativo.
Cerca de mil funcionários da Suprema Corte se somaram às paralisações dos trabalhos, realizadas há duas semanas por juízes e funcionários de juizados federais em diferentes partes do país, enquanto os ministros vão se reunir para decidir se aderem ao protesto.
Um dos pontos mais polêmicos da reforma do governo de esquerda é que os juízes e ministros sejam eleitos por voto popular, o que também gerou inquietação nos Estados Unidos e no Canadá, parceiros do México no acordo de livre comércio T-MEC.
Desde antes do amanhecer, centenas de funcionários do Judiciário se concentraram nos arredores da Câmara dos Deputados para bloquear com veículos as ruas que levam ao prédio, enquanto outros instalaram faixas cruzando as vias para impedir a passagem de pedestres.
"Estamos aqui desde as 04h00 da manhã cercando a Câmara dos Deputados. Sabemos que esta data é fundamental (...) porque pretende-se dar uma aprovação apressada, sem análise, sem maior diálogo" a esse projeto, declarou a uma rádio local Patricia Aguayo, líder dos trabalhadores.
Isto levou o líder da bancada do partido governista Morena, Ricardo Monreal, a pedir a seus deputados que evitem ir para a sede legislativa e anunciou que vão se reunir em um ginásio esportivo do leste da capital.
"Para não gerar nenhum confronto ou provocação, decidimos, a maioria legislativa, mudar de sede (...) Há faculdades legais e constitucionais para quando acontecem estes casos de nomear sedes alternativas", disse em um vídeo publicado na rede X.
Monreal também pediu aos deputados para evitar confrontos com os manifestantes.
Ifigenia Martínez, a nova presidente da Câmara dos Deputados que assumiu o cargo no domingo passado, disse, em mensagem também no X, que o direito à livre manifestação será respeitado.
Alguns apoiadores do presidente Andrés Manuel López Obrador chegaram à sede legislativa, localizada no leste da capital mexicana, e houve atritos e empurrões com funcionários do Judiciário que protestavam, constatou a AFP.
O Morena e seus aliados, que arrasaram nas eleições gerais de 2 de junho, somam confortavelmente dois terços dos 500 assentos exigidos para aprovar reformas constitucionais sem negociar com a oposição.
A iniciativa também teria que ser votada no Senado, onde a situação precisa de apenas mais um voto para reunir a chamada maioria qualificada.
A iniciativa foi lançada em fevereiro por López Obrador, que em 1° de outubro passará o cargo a sua afilhada política, Claudia Sheinbaum, também do Morena e ex-prefeita da capital mexicana.
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