O Parlamento ucraniano aprovou, nesta quinta-feira(5), a nomeação de Andrii Sibiga como ministro das Relações Exteriores, em substituição a Dmitro Kuleba, a principal mudança no governo ucraniano desde a invasão russa em fevereiro de 2022. 

Dmitro Kuleba, cuja demissão já havia sido ratificada, apelou incessantemente aos aliados ocidentais de Kiev para que fornecessem armas a seu país, tornando-se uma das principais vozes na Ucrânia desde o início da guerra. 

"Primeira nomeação: Andrii Sibiga como ministro das Relações Exteriores da Ucrânia", anunciou o deputado Yaroslav Zhelezniak. 

Sua nomeação contou com os votos a favor de 258 deputados, mais do que o mínimo de 226 exigido, indicaram vários parlamentares no Telegram. 

Menos conhecido e menos midiático que seu antecessor, Sibiga é considerado um nome de peso na diplomacia ucraniana, e foi embaixador na Turquia de 2016 a 2021. 

Ele é considerado mais leal ao chefe de gabinete do presidente Volodimir Zelensky, Andrii Yermak, do que seu antecessor. 

Ao apresentar a candidatura de Sibiga aos deputados do seu partido, Zelensky "descreveu-o como um especialista em relações internacionais, que esteve com ele no bunker em 2022 [no início da invasão russa] e que depois administrou sua comunicação internacional", disse à AFP uma fonte do partido presidencial.

- "Energia nova" -

Kuleba, de 43 anos e no cargo há quatro, tem sido uma das personalidades ucranianas mais visíveis desde o início da invasão russa. Desde então, não parou de viajar pelo mundo para pedir apoio diplomático e militar a Kiev. 

Ele não compareceu à votação na qual 240 parlamentares aceitaram sua demissão, segundo vários deputados. 

Kuleba apresentou sua demissão na quarta-feira, mas, segundo fontes consultadas pela AFP, sua saída não foi voluntária, mas determinada pela Presidência, que quer fortalecer seu controle sobre uma pasta importante. 

Na quarta-feira, Zelensky disse, referindo-se à mudança ministerial, que a Ucrânia precisa de "energia nova". 

Mas uma fonte do partido presidencial comentou que Kuleba não tem sido tão eficaz ultimamente. "Há um ano que há reclamações sobre ele", disse. 

"Concedia entrevistas, falava com eloquência, fazia muitas visitas [...] Se encarregou de sua autopromoção, em vez de melhorar o trabalho das embaixadas, de trabalhar sistematicamente com os países e obter seu apoio", afirmou. 

"Nos últimos seis meses, já não realizava as tarefas que lhe foram atribuídas, apenas escrevia tuítes e fazia declarações", disse a fonte. 

A mudança ocorre em um momento tenso para a Ucrânia, que luta para conter o avanço das forças russas no leste do país e com parte de suas tropas concentrada em uma ofensiva na região russa de Kursk. 

Outros cinco ministros e vice-primeiros-ministros, além do encarregado de administrar bens do Estado e privatizações, também apresentaram sua demissão ao Parlamento.

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