O governo da Colômbia e a Segunda Marquetalia, uma das dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), concordaram em retomar os diálogos de paz que estavam paralisados desde julho, segundo um comunicado das duas partes divulgado nesta segunda-feira (9).

Sem definir uma data, as delegações acordaram que Havana será a sede para a "realização do segundo ciclo" das negociações, que começaram em junho na Venezuela, afirma o documento.

Ainda segundo as partes, prevê-se que nesta semana — em um dia a ser confirmado — ocorra uma "reunião preparatória" em Tumaco, município do departamento de Nariño, no sudoeste da Colômbia, região afetada por conflitos.

Além disso, será realizado um evento coletivo nos dias 21 e 22 de setembro na mesma localidade, com a presença de autoridades, líderes sociais e representantes da comunidade.

As conversas entre esta dissidência e o governo de esquerda do presidente Gustavo Petro estavam suspensas após o cancelamento de uma reunião marcada para 20 de julho. A Segunda Marquetalia havia aceitado então um cessar-fogo unilateral.

O processo "não avançou nada", criticou à AFP no início de setembro o número dois e chefe negociador da organização, Walter Mendoza, durante uma entrevista exclusiva em uma zona rural de Nariño.

O comandante exigiu que uma ordem de prisão contra Iván Márquez, seu líder histórico e ex-número dois das Farc, fosse suspensa para que as negociações fossem retomadas.

No anúncio desta segunda-feira, ambas as partes rejeitaram um suposto confronto, sob investigação das autoridades, entre indígenas awá e o Exército colombiano em uma área rural de Tumaco, que deixou pelo menos um morto e seis feridos.

"Insistimos na urgência de harmonizar a política de Segurança com os avanços dos processos de Paz no território, que permitam avançar na desescalada gradual e integral do conflito armado", afirmaram as delegações negociadoras no comunicado.

A Segunda Marquetalia está presente em doze regiões da Colômbia e conta com mais de 1.700 homens, segundo o líder Mendoza.

O presidente Petro, que busca encerrar um conflito de mais de seis décadas, também está dialogando com o Estado Maior Central, outra dissidência das Farc que não assinou o acordo de paz em 2016, e com o Exército de Libertação Nacional (ELN).

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