A fumaça dos intensos incêndios florestais na Amazônia e em outras regiões do Brasil encobre grandes cidades como São Paulo, que nesta segunda-feira (9) registrou o ar mais poluído do mundo, enquanto se espalha por países vizinhos como Uruguai e Argentina.

Quase 5 milhões de km² foram afetados pela fumaça no Brasil, ou seja, 60% do território nacional, segundo estimativas de Karla Longo, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com base em dados de satélite.

E "se considerarmos as áreas afetadas nos países vizinhos e no Oceano Atlântico, a superfície atingida no domingo é de 10 milhões de km²", precisou a pesquisadora do Inpe em um e-mail enviado à AFP.

As autoridades argentinas e uruguaias também informaram sobre a presença da fumaça em várias regiões.

São Paulo, a maior cidade da América Latina, esteve em determinados momentos desta segunda-feira no topo da lista das metrópoles mais poluídas do mundo, segundo a empresa de monitoramento da qualidade do ar IQAir, com sede na Suíça.

O índice de partículas finas (PM2,5) alcançou 69 microgramas por metro cúbico, ou seja, 14 vezes mais do que o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A situação também é preocupante no Rio de Janeiro, onde o índice é de 26 microgramas por metro cúbico, cinco vezes mais.

Estes incêndios, em sua maioria de origem criminosa e frequentemente ligados à atividade agrícola, se propagam mais facilmente devido a uma seca histórica que os especialistas associam às mudanças climáticas.

Imagens de satélite da Agência Nacional de Oceanografia e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) mostraram nesta segunda-feira uma espessa nuvem de fumaça cinza contornando a cordilheira dos Andes em direção ao sul do continente.

O fenômeno é resultado da direção do "vento que canaliza a fumaça para o sul", explicou à AFP a meteorologista Estael Sias, da agência Metsul. 

De acordo com dados do Inpe, o número de focos de incêndio na Amazônia desde o início do ano quase dobrou em relação ao mesmo período de 2023.

Outras regiões do Brasil também sofrem com grandes incêndios florestais, como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, cerca de 250 km ao norte de Brasília, onde mais de 10 mil hectares foram consumidos nos últimos dias. 

Segundo Sias, a situação não vai melhorar "sem precipitações regulares", que não devem ocorrer "antes de outubro ou novembro".

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