Ao menos 12 pessoas morreram no fim de semana em uma área rural do oeste da Colômbia devido a disputas internas entre rebeldes dissidentes das Farc pelos lucros do narcotráfico, informaram autoridades nesta terça-feira (10).
"Sete homens e cinco mulheres morreram nesses eventos", sendo que oito pertenciam à Frente Jaime Martínez do Estado Maior Central (EMC), a maior dissidência das Farc, que rejeitou o acordo de paz de 2016, afirmou o ministro da Defesa, Iván Velásquez, após uma reunião na região.
De acordo com moradores, os eventos ocorreram na noite de domingo no povoado Sagrada Família, próximo ao porto de Buenaventura, no departamento de Valle del Cauca, uma região na costa do Pacífico considerada um corredor do narcotráfico com forte presença do EMC e de outras guerrilhas, como o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Vídeos não verificados que circulam nas redes sociais mostram várias pessoas baleadas na cabeça e estiradas no chão em uma casa de madeira.
"Trata-se de uma disputa interna (...). Presume-se que haja desacordos sobre a administração do narcotráfico", explicou o comandante das Forças Militares, almirante Francisco Cubides.
O chefe "conhecido como Pablo Villa ordenou o assassinato de alguns de seus homens que estavam tentando negociar cocaína com o ELN", precisou o militar.
De acordo com as autoridades, as vítimas estavam vestidas como civis e desarmadas.
Carlos Potes, defensor dos direitos humanos em Buenaventura, alertou na Blu Radio sobre "restrições para que a força pública entre no local", situado em uma área de difícil acesso às margens do rio Naya.
A ONG Comissão Intereclesial de Justiça e Paz alertou que, após o agravamento da violência, "não resta outra opção senão o deslocamento em massa" para as 74 comunidades negras da região.
A Frente Jaime Martínez está sob o comando de Iván Mordisco, que, alegando descumprimentos, se afastou em meados de abril do processo de paz que negociava com o governo de Gustavo Petro.
De acordo com a inteligência militar, Mordisco comanda aproximadamente metade dos 3.500 rebeldes que integram o EMC. Os demais continuam participando dos diálogos com o governo.
Petro, o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, enfrenta críticas da oposição, que denuncia um agravamento na segurança pública devido à decisão do mandatário de negociar tréguas e estabelecer negociações com vários grupos armados.
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