A guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas provoca uma "devastação" econômica de "magnitude impressionante" na Faixa de Gaza e, por sua vez, na Cisjordânia, condenou a ONU em um relatório publicado nesta quinta-feira (12). 

"Em todo o Território Palestino Ocupado, os processos de produção foram interrompidos ou dizimados, as fontes de renda desapareceram, a pobreza se intensificou e se expandiu, bairros inteiros foram erradicados e comunidades e cidades foram arruinadas", sublinhou o relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). 

"A operação militar causou uma crise humanitária, ambiental e social sem precedentes e transformou a região, onde a situação de subdesenvolvimento se transformou em devastação", acrescentou.

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.205 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses. 

Também raptaram 251 pessoas, das quais 97 permanecem cativas em Gaza, incluindo 33 consideradas mortas pelo Exército israelense.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou mais de 41 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

- Balanço econômico catastrófico -

Além do devastador custo humano, a guerra deixou uma situação econômica catastrófica no território palestino. 

Os autores do relatório acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) de Gaza "diminuiu 81%" no último trimestre de 2023, o que se traduziu em uma contração de 22% no conjunto do ano. 

"À medida que a operação militar continuou até maio de 2024, a atividade econômica em Gaza caiu para menos de 20% do nível de 2022", sublinha o relatório da UNCTAD, que baseia os seus cálculos em números trimestrais do gabinete central de estatísticas palestino.

No início de 2024, entre 80% e 96% dos ativos agrícolas de Gaza – incluindo sistemas de irrigação, explorações pecuárias, pomares, maquinaria e instalações de armazenamento – "foram dizimados", afirmou a UNCTAD. 

Esta situação agravou os já elevados níveis de "insegurança alimentar", frisou.

As destruições também atingiram duramente o setor privado, já que "no início de 2024, 82% das empresas privadas em Gaza foram danificadas ou completamente destruídas", acrescentou o relatório.

- Na Cisjordânia também -

O ataque do Hamas e as represálias que se seguiram também alimentaram as tensões na Cisjordânia ocupada, onde ocorreu um declínio econômico "tão rápido quanto alarmante". 

As forças israelenses e os colonos mataram pelo menos 664 palestinos neste território desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde palestino. 

Ao menos 24 israelenses, incluindo soldados, morreram em ataques ou operações militares palestinas no mesmo período, segundo dados oficiais israelenses. 

Embora a Cisjordânia tenha registrado um crescimento de 4% nos primeiros nove meses do ano passado, esse otimismo foi "fortemente interrompido por uma contração sem precedentes de 19% no quarto trimestre, que causou uma queda substancial nos padrões de vida e nas rendas das famílias".

A expansão dos assentamentos ilegais, o confisco de terras, a demolição de estruturas palestinas, o aumento da violência dos colonos e o número crescente de postos de controle tiveram um efeito nefasto na atividade econômica. 

Jerusalém Oriental também foi duramente atingida. O relatório afirma que "80% das empresas da Cidade Velha" cessaram parcial ou totalmente as suas operações. 

Quase todas as empresas do território registraram uma queda de atividade e 42,1% uma redução do quadro de funcionários.

O índice de desemprego aumentou de 12,9% antes do conflito para 32%, "corroendo gravemente a resiliência econômica das famílias palestinas e exacerbando as dificuldades sociais", denunciou o relatório. 

Em Gaza, cerca de 66% dos empregos que existiam antes da guerra desapareceram. 

A pobreza era generalizada antes do conflito, mas hoje "afeta quase toda a população de Gaza e está aumentando rapidamente na Cisjordânia", sublinhou a UNCTAD.

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