Incluir uma influenciadora radical em seu séquito está afetando Donald Trump, que não imaginava a oposição feroz da família trumpista, que se mantinha até agora muito unida.

A exuberante e criticada Laura Loomer, 31, foi vista na última quarta-feira com o candidato republicano à Casa Branca em um local de destaque, durante a cerimônia que lembrou em Nova York os ataques do 11 de Setembro. Na véspera, a ativista havia assistido nos bastidores ao debate eleitoral entre o ex-presidente e Kamala Harris.

Dias antes, Laura publicou na rede social X, onde tem 1,3 milhão de seguidores, uma mensagem que deixou em alerta os apoiadores mais radicais de Trump. Se Kamala Harris for eleita, "a Casa Branca vai cheirar a curry", disse a influenciadora, referindo-se à origem indiana da mãe da candidata.

- 'Extremamente racista' -

Essa foi a gota d’água para os trumpistas. "Isso é espantoso e extremamente racista. Não representa quem somos como republicanos, não representa o presidente", reagiu Marjorie Taylor Greene, da ala mais à direita do Partido Republicano.

"É repugnante. Alguém tem que parar com isso", comentou Willie Montague, candidato ao Congresso por um distrito eleitoral da Flórida, estado onde vive Donald Trump.

"Os republicanos que me atacam estão apenas com inveja, porque não estavam no avião com o presidente Trump", reagiu Laura hoje no X. Questionado na Califórnia, Trump declarou: "Ela é um espírito livre, fala o que quer."

Horas mais tarde, o ex-presidente publicou em sua rede social: "Laura Loomer não trabalha na minha equipe de campanha. Não concordo com suas declarações, mas, assim como as milhões de pessoas que me apoiam, ela está cansada de ver os marxistas e fascistas da esquerda radical me atacarem e difamarem."

Laura se descreve como "jornalista investigativa", mas muitos dos seus detratores a acusam de ser racista, homofóbica, transfóbica e islamofóbica. Assim como seu mentor, 47 anos mais velho, ela é conhecida por sair do tom, agitando as redes sociais.

- 'Passado tóxico' -

Laura já disse que o islã era "um câncer", que o 11 de Setembro foi resultado de uma "conspiração interna", e que o presidente Joe Biden esteve por trás da tentativa de assassinato de Donald Trump em julho.

Anthony Scaramucci, diretor de comunicação da Casa Branca por 11 dias durante o mandato do republicano, afirmou à rede de TV CNN que Laura transmitiu ao candidato boa parte das mensagens agressivas que ele publicou.

"O passado dessa pessoa é realmente tóxico", disse o senador Lindsey Graham ao Huffington Post. Muito influente no Partido Republicano, ele ressaltou que Trump "faria um favor a si próprio garantindo que essa história não cresça", ou seja, afastando-se da influenciadora.

"Basta", pediu no X o senador republicano Thom Tillis, que chamou Laura de "teórica da conspiração maluca que costuma proferir um lixo repugnante com a intenção de dividir os republicanos. Um agente disfarçado do Partido Democrata não faria melhor para acabar com as chances de Trump de se reeleger."

Em longa mensagem divulgada hoje, Laura afirmou que Graham foi desleal a Trump e que ele estava embriagado na noite do debate.

O entorno de Kamala Harris acompanha com interesse o clima de acerto de contas na família trumpista. "Laura Loomer não é o problema, e sim Trump", comentou David Plouffe, assessor da equipe de campanha da democrata.

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