O corpo do ambientalista Juan López, que lutava para fechar uma mineradora em Honduras, será enterrado nesta segunda-feira(16) após ser assassinado no domingo. 

Uma multidão acompanhou a família de López, 46 anos, em uma funerária de Tocoa, a 220 km de Tegucigalpa, onde matadores atiraram nele quando saía de uma igreja católica. 

López, que deixa esposa e duas filhas, era um ferrenho opositor à mineração da empresa Los Pinares e denunciou danos à reserva florestal de Botaderos. 

- Fim da mineradora -

"A Los Pinares tem que sair (...) há um decreto que proíbe uma nova concessão na área protegida(…) o contrato venceu em janeiro", afirmou Rita Romero, advogada do comitê do qual López fazia parte.

"Estávamos aguardando o resgate da área protegida na prática, o decreto a resgata legalmente, mas materialmente a área protegida ainda está sob o controle armado da Inversión Los Pinares e pudemos verificar isso no dia 5 de julho”, lamentou. 

Ela instou as autoridades ambientais a apoiarem o recurso que apresentaram ao Tribunal Constitucional para interromper a consulta à população sobre a instalação de uma termelétrica de petróleo "altamente poluente". 

A representante em Honduras do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Isabel Albaladejo, instou o Estado a investigar o caso "considerando" uma "possível retaliação" a López "por suas denúncias contra o prefeito Adán Fúnez (de Tocoa), a quem pediu sua renúncia por supostas ligações com o crime organizado." 

O ambientalista havia pedido recentemente sua renúncia depois que Fúnez apareceu em um vídeo negociando propinas com traficantes em 2013. Na gravação aparecia também Carlos Zelaya, irmão do ex-presidente Manuel Zelaya, marido da presidente Xiomara Castro.

A advogada Romero afirmou que "falar da mineradora é falar do prefeito, estamos falando de um casamento, a mineradora conseguiu ir o mais longe graças à proteção do governo local", disse. 

A presidente Xiomara exigiu "que o terrível crime seja imediatamente esclarecido". 

A polícia hondurenha indicou que está coletando provas para "o esclarecimento dos fatos". 

O ambientalista contava com medidas cautelares determinadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) desde outubro de 2023.

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