O ex-presidente Evo Morales e milhares dos seus apoiadores iniciaram, nesta terça-feira (17), uma marcha contra o seu ex-aliado, o presidente de esquerda Luis Arce, ao longo de um percurso de 190 quilômetros até La Paz, enquanto o governo insiste em esforços conspiratórios. 

A caminhada de mais de 5.000 pessoas busca denunciar o governo Arce, acusado de usar os poderes Judiciário e Eleitoral para impedir a candidatura de Morales às eleições de agosto de 2025. Também é criticado pela crise econômica que se manifesta na escassez de dólares e combustível. 

"Infelizmente, o presidente (Arce) e o vice-presidente (David Choquehuanca) nos abandonaram, nos traíram, junto com a má gestão e a corrupção", disse Morales em discurso no início da caminhada.

A manifestação de protesto começou na localidade de Caracollo, no departamento de Oruro, e deverá chegar a La Paz, sede dos poderes Executivo e Legislativo, na próxima segunda-feira. 

Com Morales à frente, os manifestantes caminham carregando bandeiras bolivianas, vermelhas, amarelas e verdes; "wiphalas", o símbolo xadrez e multicolorido dos povos indígenas; e do Movimento ao Socialismo (MAS) em azul, preto e branco. 

Morales (2006-2019) acusa Arce de bloquear a sua candidatura presidencial, de modo que o presidente seja o único candidato do partido no poder, embora Arce ainda não tenha dito se concorrerá à reeleição. 

O governo afirma que Morales está inabilitado, uma vez que a Constituição não permite a reeleição além de dois mandatos presidenciais consecutivos, embora o ex-chefe de Estado insista que não existe tal proibição. 

Em sua marcha, os manifestantes expressaram refrões recorrentes: "Urgente, Evo presidente", "Eu luto (Luis Arce), o povo está indignado".

Arce acusou Morales de iniciar a marcha e apoiar um bloqueio indígena de estradas como parte de uma "tentativa de golpe de Estado". 

Na segunda-feira, houve cinco cortes nas estradas que ligam a cidade de La Paz ao Lago Titicaca, compartilhado por Bolívia e Peru. Os indígenas questionam o governo Arce por não resolver a crise econômica.

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