Gigantes do petróleo e do gás investem no esporte mundial 5,6 bilhões de dólares (30,7 bilhões de reais) por meio de 205 acordos de patrocínio, segundo um estudo que será publicado nesta quarta-feira (18) pela associação New Weather Institute, que denuncia um 'sportswashing' ou lavagem de imagem através do esporte.

Intitulado "Dinheiro sujo: como os patrocínios das empresas de combustíveis fósseis contaminam o esporte", o estudo aponta que o futebol, os esportes motorizados, o rúgbi e o golfe são os mais patrocinados, com apoio de grupos como Aramco (US$ 1,3 bilhões ou R$ 7,1 bilhões), Ineos (US$ 777 milhões ou R$ 4,3 bilhões), Shell (US$ 470 milhões ou R$ 2,6 bilhões) e TotalEnergies (US$ 340 milhões ou R$ 1,9 bilhão).

Os Estados petrolíferos do Oriente Médio estão ganhando cada vez mais espaço no financiamento do esporte, lamentam os autores do estudo, publicado ao fim de um verão boreal que foi o mais quente já registrado no planeta.

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores investigaram todos os acordos firmados no esporte por empresas ligadas aos combustíveis fósseis, que frequentemente emitem grandes quantidades de gases de efeito estufa.

Assim, foram identificados 205 acordos, dos quais apenas 41 especificam o valor total.

Para preencher a lacuna devido ao difícil acesso aos dados, os autores realizaram estimativas com base em comparações com acordos similares cujos valores são conhecidos para a mesma categoria esportiva ou de outros setores (eletrônica, álcool, transportes), a partir da base de dados SportBusiness e de fontes abertas ao público.

O mundo do esporte não é alheio às questões relacionadas ao impacto dessa atividade no aquecimento global.

Como exemplo, em 2023, a TotalEnergies, patrocinadora da Copa do Mundo de rúgbi, apareceu discretamente nas áreas de torcedores em Paris. O grupo já havia desistido em 2019 de ser patrocinador dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, após um e-mail da prefeita Anne Hidalgo ao comitê organizador dos jogos.

"A poluição do ar causada pelos combustíveis fósseis" e as condições climáticas extremas "ameaçam até mesmo o futuro dos atletas, dos torcedores e dos eventos que vão dos Jogos Olímpicos de Inverno às Copas do Mundo. Se o esporte quiser ter um futuro, deve se livrar do dinheiro sujo de grandes poluidores e parar de promover sua própria destruição", declarou Andrew Simms, codiretor do New Weather Institute, em um comunicado.

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