O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou nesta quarta-feira (18) a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75%, em um primeiro aumento em dois anos.
O aumento foi amplamente antecipado pelo mercado e acontece dois meses após o Copom acabar com um ciclo de flexibilização de sete cortes consecutivos.
A decisão do Copom, tomada por unanimidade, vai na contramão da decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que nesta quarta-feira anunciou um forte corte de meio ponto percentual em suas taxas de juros, para 4,75%-5,00%, o primeiro desde 2020.
O Copom considerou, em comunicado, que o "dinamismo maior do que o esperado" da atividade econômica e do mercado de trabalho no Brasil, bem como a inflação longe da meta, levaram a uma reavaliação da trajetória de flexibilização.
"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação", acrescentou o comitê.
A inflação registrou em agosto uma leve queda de 0,02%, situando-se em 4,24% nos últimos doze meses.
Embora esteja dentro da margem de tolerância oficial (até 4,50%), o número ainda está distante da meta de 3%.
O desemprego, por sua vez, caiu 1,1 ponto percentual no trimestre de maio a julho, situando-se em 6,8%.
O governo prevê que a economia cresça 3,2% este ano, enquanto o mercado estima uma expansão de 2,68%.
- Cenário "desafiador" -
O Copom também menciona, entre as motivações da decisão, a desconfiança do mercado em relação à capacidade do governo de cumprir a meta fiscal, além de um cenário interacional "desafiador", especialmente devido ao "momento de inflexão" na economia dos Estados Unidos após o forte corte de taxas pelo Fed.
Este é o primeiro aumento da Selic desde agosto de 2022, bem como o primeiro desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu um terceiro mandato.
A taxa permaneceu inalterada em 13,75% por um ano até agosto de 2023, quando se iniciou um ciclo de sete cortes consecutivos que foi interrompido em junho passado.
A política de taxas elevadas encarece o crédito e desestimula o consumo e o investimento, moderando assim as pressões sobre os preços.
Desde que assumiu o poder em janeiro de 2023, Lula pressionou por uma redução rápida das taxas para impulsionar o crescimento econômico.
Em suas críticas, ele tem sido especialmente duro com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cujo mandato termina este ano.
A reunião do Copom, que começou na terça-feira, é a primeira desde que Lula indicou o economista Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição, para chefiar o Banco Central a partir de 2025.
A indicação ainda precisa ser aprovada pelo Senado.
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