Um alto funcionário do governo argentino questionou neste domingo (22) os comentários do Papa Francisco, que dias atrás defendeu o direito ao protesto social e criticou sua repressão pelas forças de segurança.

Durante uma reunião em Roma, na sexta-feira, com representantes de movimentos sociais de todo o mundo, Francisco, nascido Jorge Bergoglio na Argentina, contou que viu um vídeo de “pessoas pedindo seus direitos na rua” e disse que “o governo bateu o pé” e “em vez de pagar por justiça social, pagou por spray de pimenta”.

Ele não mencionou a Argentina nem citou o nome do presidente Javier Milei, mas pareceu se referir a uma manifestação ocorrida em 12 de setembro em Buenos Aires por causa de um veto a um aumento de aposentadoria, durante a qual a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, evitou confrontar o papa na sexta-feira, mas o chefe de gabinete de Milei, Guillermo Francos, se pronunciou neste domingo sobre a questão.

“A Argentina está passando por um problema econômico há muitos anos. E mesmo que alguém tenha toda a sensibilidade social, como Bergoglio tem, não há mágica a menos que ele considere que um milagre pode ser feito sobre isso”, disse Francos quando consultado pela rádio Mitre.

“Tivemos uma inflação de 15%, 25%, nos últimos meses do ano passado, e não ouvimos o Santo Padre dizer: 'Há um problema social na Argentina porque a inflação é muito alta'”, disse ele, e enfatizou que "reduzir a inflação é uma política social".

“Há várias coisas que chamam a atenção nas atitudes de Bergoglio, e muitos as atribuem à sua simpatia pelo peronismo”, acrescentou Francos.

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