Israel e o movimento libanês Hezbollah trocaram novas ameaças neste domingo (22), em um contexto de escalada da violência na fronteira. A comunidade internacional pediu moderação, em meio ao temor de uma guerra regional.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para o risco de o Líbano se tornar "outra Gaza", em referência à guerra entre Israel e o Hamas no território palestino, desencadeada pelo ataque do movimento islamista em 7 de outubro. 

Após quase um ano de guerra entre o movimento Hamas e Israel, a frente foi deslocada nesta semana para a fronteira com o Líbano, em uma escalada militar entre as tropas israelenses e o grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã. 

O Hezbollah, poderoso braço político e militar no Líbano, abriu uma frente contra Israel em "apoio" ao Hamas desde o início da guerra em Gaza, onde a retaliação israelense devastou o território e provocou um desastre humanitário.

"Estamos decididos a garantir que os habitantes do norte possam voltar para suas casas com segurança [...]Israel não tolerará ataques contra seus habitantes e cidades", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em um comunicado. 

"Nos últimos dias, desferimos uma série de golpes no Hezbollah que ele nunca teria imaginado", disse Netanyahu, em suas primeiras declarações sobre este assunto desde as explosões contra os dispositivos de comunicação do movimento e um bombardeio israelense contra sua unidade de elite.

- 'Preparados para todos os cenários' -

"Saberemos chegar em qualquer um que ameaçar os cidadãos de Israel", advertiu o comandante do estado-maior do Exército, Herzi Halevi, afirmando enviar "uma mensagem ao Hezbollah, Oriente Médio e mais além".

O número dois do Hezbollah, Naim Qasem, anunciou "uma nova fase" na batalha contra Israel, a de acertar "contas não resolvidas". 

"As ameaças não vão nos deter: estamos preparados para todos os cenários militares" contra Israel, acrescentou durante o funeral de Ibrahim Aqil, um oficial militar de alta patente morto na sexta-feira em um bombardeio israelense. 

No domingo, o Exército israelense bombardeou alvos do Hezbollah depois que o movimento disparou contra áreas residenciais no norte de Israel, atingindo o subúrbio de Haifa.

Centenas de milhares de pessoas se refugiaram em abrigos no norte, onde todas as escolas foram fechadas até à tarde de segunda-feira.

"Durante a noite e nas primeiras horas da manhã, cerca de 150 foguetes, mísseis de cruzeiro e drones foram disparados contra o território israelense, a maioria em direção ao norte", afirmou a força, acrescentando que houve "um número baixo de impactos", sem danos significativos.

“Estou preocupado. Sei que é possível que os mísseis cheguem até aqui”, disse o morador de Haifa Ilan Ravor, acrescentando que confia no Exército.

Os disparos deixaram um prédio em chamas, outro cheio de estilhaços e veículos carbonizados, segundo as tropas israelenses.

No Líbano, autoridades reportaram três mortos nos ataques israelenses deste domingo. O Hezbollah anunciou a morte de dois combatentes. 

- 'Catástrofe iminente' - 

Diante do aumento da violência, os Estados Unidos advertiram que uma "escalada" militar não é "o melhor" para Israel. 

Ainda há "espaço" para uma "solução diplomática", declarou o porta-voz da Segurança Interna da Casa Branca, John Kirby. 

A União Europeia, "muito preocupada", apelou a um cessar-fogo "urgente", e Londres reiterou seu apoio a "uma solução de dois Estados". 

"Acredito no direito de Israel à segurança, e também acredito na justiça da causa palestina", disse o secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy.

"A região está à beira de uma catástrofe iminente", alertou neste domingo a coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert.   

As trocas de disparos na fronteira multiplicaram-se desde as explosões de dispositivos de comunicação do Hezbollah, atribuídas a Israel, que deixaram 39 mortos e 2.931 feridos nos redutos do grupo, segundo autoridades libanesas. 

A milícia sofreu outro golpe na sexta-feira, após um bombardeio israelense atingir sua força de elite, matando 16 dos seus membros - incluindo seu chefe, Ibrahim Aqil - totalizando 45 mortos.

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