O ataque por terra, mar e ar do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro de 2023 não tem precedentes. O pânico e a confusão que provocaram dificultaram a compreensão de muitos detalhes de maneira imediata.

Quase um ano depois, o número de vítimas do ataque subiu para 1.205 mortos, incluindo os reféns sequestrados pelo Hamas que morreram em cativeiro.

A seguir, um relato cronológico do dia mais letal da história do Estado de Israel.

- Ataque surpresa - 

Às 6H29, o Exército israelense detecta milhares de foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza contra localidades na fronteira do sul do país.

O movimento islamista Hamas, que governa Gaza, reivindica os disparos de quase 5 mil projéteis em uma ofensiva batizada de "Operação Inundação de Al Aqsa", em referência à mesquita localizada em Jerusalém Oriental, anexada por Israel, e considerada o terceiro local mais sagrado do islã.

O sistema de defesa aérea Domo de Ferro de Israel é acionado, mas é rapidamente superado pela intensidade do fogo.

De modo paralelo, combatentes do Hamas, que o grupo mais tarde calculou em 1.200, atravessaram a fronteira em motos, caminhonetes e parapentes motorizados.

Eles utilizaram explosivos e escavadeiras para romper a cerca que separa Gaza de Israel e atacaram quase 50 locais diferentes, de comunidades agrícolas (kibbutz) a bases militares e até um festival de música.

Os milicianos palestinos assassinaram vários participantes do festival de música eletrônica e seguiram de porta em porta nos kibbutz, executando os moradores.

Em março, um relatório da ONU afirmou que havia "motivos razoáveis para acreditar" que estupros foram cometidos durante o ataque. Também cita "informações claras e convincentes" de que algumas reféns capturadas naquele dia foram estupradas.

- Resposta lenta do Exército -

Às 08H30, os combatentes islamistas já haviam atacado sete bases militares: Erez, perto da área norte da Faixa de Gaza, Nahal Oz, em frente à Cidade de Gaza, duas localizadas perto do kibutz de Beeri, outra em Reim, perto do centro de Gaza, e mais duas no sul, perto da fronteira com o Egito.

Os moradores dos kibbutz próximos à Faixa de Gaza tiveram que lutar por conta própria contra os agressores durante horas porque o Exército demorou a comparecer em seu auxílio.

Os sobreviventes relataram o medo que sentiram nos refúgios de suas casas enquanto os milicianos do Hamas tentavam arrombar suas portas ou como pegaram as armas que tinham ao seu alcance e saíram para impedir o ataque.

No festival de música eletrônica Nova, que reuniu quase três mil pessoas em uma área a poucos quilômetros do centro da Faixa de Gaza, os combatentes islamistas executaram um massacre durante horas e mataram pelo menos 370 pessoas.

No kibbutz de Beeri, uma das comunidades mais afetadas, os primeiros reforços individuais chegaram "a partir das 13h30", admitiu o Exército em um relatório posterior.

Somente às 16h15, uma divisão completa chegou para organizar uma retirada coordenada dos sobreviventes e retomar o controle da localidade.

O Exército anunciou às 18H00 que soldados e civis haviam sido sequestrados pelos milicianos do Hamas e foram levados para Gaza.

- Reféns -

Os milicianos islamistas sequestraram 251 pessoas em 7 de outubro. Entre as vítimas estavam 44 participantes do festival Nova e pelo menos 74 moradores do kibutz Nir Oz.

Alguns reféns, incluindo soldados, já estavam mortos quando os criminosos pegaram os corpos e levaram para Gaza, segundo o Exército.

Algumas pessoas podem ter sido mortas por fogo amigo. No kibutz Beeri, por exemplo, várias testemunhas afirmaram à imprensa israelense que um tanque disparou contra uma casa onde estavam 14 moradores detidos pelo Hamas.

A ordem de abrir fogo poderia ser parte do "Protocolo Hannibal" que, segundo o jornal israelense Haaretz, foi aplicado pelo menos três vezes em 7 de outubro.

O protocolo permite o uso da força para impedir a captura de soldados israelenses.

- "Estamos em guerra" -

Às 11H34, rompendo o habitual descanso do 'sabbath', o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um discurso à nação: "Estamos em guerra".

Durante a tarde, o Exército convocou 360 mil reservistas para reforçar as Forças Armadas, que normalmente contam 170 mil militares, entre soldados de carreira e aqueles que cumprem o serviço militar obrigatório.

Israel iniciou rapidamente bombardeios implacáveis em Gaza, um pequeno território palestino de 2,4 milhões de habitantes, governado desde 2007 pelo Hamas.

Um correspondente da AFP relatou um primeiro ataque a Gaza às 10H39 de 7 de outubro. Desde então, o território foi devastado por ataques aéreos constantes.

A ofensiva de represália israelense matou pelo menos 41.431 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas que a ONU considera confiáveis.

Durante a noite de 7 de outubro, os soldados continuavam procurando agressores armados que poderiam estar em Israel. Os civis estavam aterrorizados em suas casas e as ruas permaneceram desertas.

Em 10 de outubro, o Exército anunciou que havia retomado o controle de todo o território atacado pelas milícias do Hamas.

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