O governo trabalhista britânico, no poder desde o início de julho e já criticado por sua gestão, apresentou mensagens de esperança nesta segunda-feira (23), no segundo dia do seu congresso em Liverpool, com a promessa de "reconstruir" o país. 

A ministra das Finanças, Rachel Reeves, prometeu no seu discurso na cidade do norte da Inglaterra uma melhoria na economia do Reino Unido após 14 anos de governos conservadores. 

Reeves anunciou assim uma "década de renovação nacional", embora acompanhada de "decisões difíceis", reiterando a necessidade de uma "disciplina de ferro" na economia em meio à crescente dívida estatal.

Segundo a ministra, o seu primeiro orçamento, previsto para o final de outubro, abrirá caminho para investimentos empresariais que proporcionariam ao país um "crescimento sustentável" e "ajudariam a reconstruir o Reino Unido, para concretizar a mudança prometida pelos trabalhistas".

O governo trabalhista tenta enviar uma mensagem mais otimista sobre o futuro do país, após uma reação furiosa dos sindicatos aos cortes propostos na assistência social e aos relatos de presentes recebidos de doadores do partido ao primeiro-ministro Keir Starmer e a outros membros do Executivo.

- Presentes a ministros -

Todos os presentes foram declarados e nenhum violou as regras parlamentares, mas vieram à tona depois que o governo alertou o público para se preparar para futuras restrições orçamentárias, incluindo o cancelamento de uma doação de 300 libras (US$ 400 ou R$ 2.190) para ajudar 10 milhões de aposentados nos gastos de combustível no inverno.

No domingo, Sharon Graham, secretária-geral do sindicato Unite, descreveu este corte aos aposentados como "cruel".

Juntamente com esta medida impopular, descobriu-se que o primeiro-ministro Starmer recebeu uma série de presentes desde 2019, como roupas para a sua esposa e para ele próprio e ingressos para jogos de futebol e shows por cerca de 141 mil dólares (R$ 722 mil).

Soube-se também que Reeves, a ministra das Finanças, recebeu como presente roupas no valor de cerca de 7.500 libras (cerca de 10 mil dólares ou R$ 54,7 mil) e que a vice-primeira-ministra, Angela Rayner, aceitou o empréstimo de um apartamento em Nova York para passar as férias. 

A ministra da Educação, Bridget Phillipson, também admitiu ter recebido uma doação de 14.000 libras (cerca de US$ 18.600 ou R$ 101,8 mil) para financiar um evento de aniversário e outra recepção.

A ministra defendeu-se afirmando que este dinheiro foi recebido "em contexto de trabalho". 

O ministro do Comércio, Douglas Alexander, admitiu que estas informações sobre os presentes a membros do governo "não são as manchetes que teríamos escolhido" para o primeiro congresso do partido desde que chegou ao poder. 

Menos de três meses depois das eleições, uma pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo YouGov indica que um em cada três britânicos (34%) afirma ter uma opinião positiva sobre o Partido Trabalhista, enquanto 57% têm uma opinião negativa.

O Executivo trabalhista atribui os problemas econômicos aos 14 anos de governos conservadores, aos quais atribui um "rombo" de 22 bilhões de libras (29,3 bilhões de dólares ou R$ 160,4 bilhões) nas finanças públicas. 

O Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) informou esta semana que a dívida pública britânica atingiu 100% do Produto Interno Bruto (PIB) em agosto, aumentando a pressão sobre o governo poucas semanas antes de lançar o seu primeiro orçamento, que Starmer alertou que será "doloroso".

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