O governo argentino autorizou a contratação de tripulação e aeronaves estrangeiras para voos de cabotagem, em meio ao conflito salarial que mantém com os sindicatos aeronáuticos de sua companhia aérea de bandeira, a Aerolíneas Argentinas, segundo um decreto publicado nesta segunda-feira (23).

A medida, que entrará em vigor em 60 dias, também permite que empresas estrangeiras realizem voos dentro do território argentino sem registrar suas aeronaves na Argentina.

"Essa medida, somada ao pacote de desregulamentações que estão sendo implementadas, possibilitará que outras companhias aéreas cubram rotas locais imediatamente se [Pablo] Biró e companhia continuarem fazendo greves extorsivas", declarou na rede social X o secretário de Transporte, Franco Mogetta, referindo-se ao secretário-geral da Associação de Pilotos de Linhas Aéreas.

O decreto se insere em um conflito que começou no final de agosto, quando os sindicatos rejeitaram uma proposta salarial do governo por considerá-la insuficiente e lançaram um plano de assembleias e greves que afetou centenas de voos.

Além disso, alinha-se com a intenção do governo do liberal Javier Milei de promover a privatização da Aerolíneas Argentinas, plano que foi rejeitado pelo Congresso, que precisa aprovar uma medida desse tipo.

Na semana passada, o governo declarou "essencial" o serviço de transporte aéreo, o que obriga os sindicatos a garantir 50% dos serviços em caso de greves.

Os sindicatos acusam o governo de "buscar o fechamento autoinfligido da Aerolíneas Argentinas".

A companhia de bandeira, criada em 1950 pelo então presidente Juan Perón, foi privatizada em 1989 durante o mandato do peronista Carlos Menem (1989-1999) e reestatizada em 2008 após sua falência, quando era propriedade de um grupo de investidores espanhol.

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