Centenas de indígenas bloquearam, nesta segunda-feira (23), a principal rodovia de Honduras pedindo "justiça" para dois ambientalistas assassinados, Berta Cáceres, em 2016, e Juan López, em 14 de setembro passado.

"Justiça para Berta", "Justiça para Juan López", repetiam os manifestantes convocados pelo Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras, que bloquearam o quilômetro 30 da rodovia CA-5 entre Tegucigalpa e San Pedro Sula (norte), a segunda cidade do país.

Os manifestantes impediram a passagem de centenas de veículos ateando fogo a pneus e colocando paus e pedras na via. O bloqueio começou ao amanhecer e terminou ao meio-dia.

"Mais de 8 anos depois do crime cruel" contra Berta Cáceres, de 44 anos, "continuamos vendo a fragilidade e a corrupção do sistema de justiça em Honduras", informou o Conselho em nota.

"Hoje, esta mesma impunidade ameaça se repetir com o assassinato de Juan López, um novo mártir na luta pela defesa dos territórios", acrescentou.

López, de 46 anos, foi morto por um pistoleiro quando saía de uma igreja na comunidade de Tocoa, em Aguán, 220 km a nordeste de Tegucigalpa.

No último domingo, o papa Francisco condenou o assassinato do ambientalista. "Fiquei sabendo, com dor, que em Honduras foi assassinado Juan Antonio López, delegado da palavra de Deus, coordenador da Pastoral Social da Diocese de Trujillo e membro fundador da Pastoral da Ecologia Integral em Honduras", expressou o pontífice argentino.

O Conselho, por sua vez, pediu à Corte Suprema que "confirme" a sentença contra oito condenados pelo assassinato de Cáceres, realizado na noite de 2 de março de 2016 por pistoleiros que entraram em sua casa em La Esperanza, no leste de Honduras.

Honduras é um dos países mais perigosos do mundo para ativistas ambientais, com 18 assassinatos em 2023, de acordo com a ONG Global Witness.

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