O chefe das Forças Armadas de Israel instou nesta quarta-feira (25) suas tropas a estarem preparadas para uma possível ofensiva terrestre contra o Hezbollah no Líbano, onde a aviação israelense realizou novos bombardeios "em grande escala" contra o movimento islamista.

"É possível ouvir os aviões daqui; estamos atacando o dia todo. Tanto para preparar o terreno para uma possível entrada, quanto para continuar atacando o Hezbollah", declarou o tenente-general Herzi Halevi diante de uma brigada de tanques, segundo um comunicado militar.

"A sua entrada (no Líbano) com força (...) mostrará [ao Hezbollah] o que é encontrar uma força de combate profissional", acrescentou.

O Exército israelense anunciou anteriormente a mobilização de duas brigadas de reserva e seu deslocamento para o norte do país, para "continuar a luta" contra o Hezbollah.

O Exército também indicou que prosseguiu com seus bombardeios "em grande escala" no sul do Líbano e no vale do Beqaa, a leste, dois redutos do Hezbollah, afirmando ter atingido nesta quarta-feira "mais de 280 alvos" da formação pró-iraniana.

- "Clima de terror" -

Pelo menos "51 pessoas morreram e 223 ficaram feridas em vários bombardeios", que também tiveram como alvo vilarejos situados fora dos redutos do movimento, informou o ministro da Saúde libanês, Firass Abiad.

Na segunda-feira, os primeiros ataques israelenses em massa no Líbano mataram 558 pessoas e feriram mais de 1.800, segundo as autoridades libanesas, o número mais alto em um dia desde o fim da guerra civil no país (1975-1990).

Nur Hamad, uma estudante de 22 anos de Baalbek, descreveu nesta quarta-feira o "clima de terror" desde que começaram os bombardeios nos arredores da cidade. "Passamos quatro ou cinco dias sem dormir, sem saber se iríamos acordar pela manhã. As crianças têm medo, os adultos também", disse.

Em Maaysara, em uma região montanhosa a cerca de 30 quilômetros ao norte de Beirute, um fotógrafo da AFP viu uma casa quase completamente destruída, onde os resgatadores removiam os escombros. Os mortos "eram civis que haviam evacuado suas casas" no sul do Líbano, declarou Fátima, residente do vilarejo.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) registrou "90.530 novos deslocados" desde segunda-feira, informou esta agência da ONU em um comunicado.

- Míssil em direção a Tel Aviv -

Em Israel, as sirenes antiaéreas soaram ao amanhecer em Tel Aviv, a cem quilômetros ao sul da fronteira libanesa, quando o Hezbollah disparou um míssil terra-terra que foi interceptado, segundo o exército. "É a primeira vez que um míssil do Hezbolá alcança a área de Tel Aviv", informaram os militares.

O movimento xiita libanês afirmou que o alvo do míssil Qader era a sede do Mossad, os serviços de inteligência exterior israelense, considerados "responsáveis pelo assassinato dos líderes" do Hezbollah "e pelas explosões de localizadores e rádios comunicadores" que deixaram dezenas de mortos na semana passada.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu que "é possível uma guerra total" no Oriente Médio.

A pedido da França, o Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião de emergência nesta quarta-feira em Nova York, onde a preocupação com a escalada entre o Exército israelense e o Hezbollah domina a Assembleia Geral.

- "Terrível escalada" -

O chefe da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, Philippe Lazzarini, teme que o Líbano se torne uma nova Faixa de Gaza, palco desde 7 de outubro de 2023 de um conflito arrasador entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas.

O papa Francisco também denunciou no Vaticano a "terrível escalada" no Líbano, qualificando-a de "inaceitável".

Israel anunciou em meados de setembro que havia deslocado "o centro de gravidade de [suas] operações militares" para o norte do país, ao longo da fronteira libanesa, para permitir o retorno de dezenas de milhares de habitantes deslocados pela violência transfronteiriça.

O Hezbollah, por sua vez, prometeu continuar atacando Israel "até o fim da agressão em Gaza". Desde então, os confrontos não cessaram.

Além da onda de explosões de dispositivos de transmissão do Hezbollah na semana passada, atribuídas a Israel, um ataque israelense em 20 de setembro nos subúrbios do sul de Beirute dizimou a unidade de elite do movimento.

O Hezbollah confirmou que um de seus comandantes militares, Ibrahim Mohamed Kobeisi, morreu em um bombardeio contra os subúrbios do sul de Beirute na terça-feira.

O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os recentes assassinatos no Líbano de vários líderes do Hezbollah por Israel não conseguirão "pôr de joelhos" o movimento.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque letal do Hamas que deixou 1.205 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em cifras oficiais israelenses que inclui os reféns que morreram ou foram assassinados no cativeiro em Gaza.

Das 251 pessoas sequestradas, 97 ainda permanecem em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército israelense.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até o momento deixou 41.495 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

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