A orientação do papa Francisco é nunca dialogar com o diabo, que age por meio da superstição e da pornografia
 -  (crédito: VATICAN NEWS)

A orientação do papa Francisco é nunca dialogar com o diabo, que age por meio da superstição e da pornografia

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O papa Francisco reafirmou na manhã desta quarta-feira (25/9) a existência do demônio. “A maior astúcia do diabo é nos convencer de que ele não existe”, afirmou o sumo pontífice diante dos milhares de peregrinos presentes à Audiência Geral, na Praça São Pedro, no Vaticano. Francisco usou como referência o Evangelho de São Lucas (Lc 4,1-2.13-140) para sua meditação, recordando que “Jesus foi conduzido pelo espírito ao deserto e lá foi tentado pelo demônio durante 40 dias”.

 

O chefe da Igreja Católica explicou que “ao ir para o deserto, Jesus obedece a uma inspiração do Espírito Santo, liberta-se de Satanás e, em seguida, regressa à Galileia no poder do Espírito Santo, onde realizou curas e libertação de pessoas possuídas”. E acrescentou que “hoje, em certos níveis culturais, se acredita que o diabo não existe, sendo considerado apenas um símbolo do inconsciente coletivo ou da alienação, uma metáfora”. Na sequência, Francisco citou o escritor francês Charles Baudelaire (1821-1867), que deixou registrado: “A maior astúcia do diabo é convencer-nos de que ele não existe”.

 

Segundo o líder dos católicos, “nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, ocultismo, espiritismo, astrólogos, vendedores de encantos e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas”. Assim, tendo sido expulso pela porta, o demônio voltou, pode-se dizer, pela janela. “Expulso pela fé, regressa com a superstição. E se você é supersticioso, está dialogando com o diabo, e com ele não se deve nunca dialogar”, orientou o papa, que, neste manhã, retomou seu ciclo de catequeses relacionado ao tema “O espírito e a esposa”.

 

 

 

Prova mais forte

 

De acordo com o papa Francisco, “a prova mais forte da existência de Satanás não se encontra nos pecadores ou nos possuídos, mas nos santos. “É verdade que o diabo está presente e opera em certas formas extremas e desumanas do mal e da maldade que vemos à nossa volta. Contudo, é praticamente impossível, em casos individuais, chegar à certeza de que realmente é ele, dado que não podemos saber exatamente onde termina sua ação e começa nosso próprio mal. Por isso, a Igreja é muito prudente e rigorosa no exercício do exorcismo, ao contrário do que acontece, infelizmente, em certos filmes”.

 

Para Francisco, é na vida dos santos que o diabo é obrigado a sair à luz, a estar contra a luz. “Mais ou menos todos os santos e grandes crentes testemunham sua luta contra essa realidade sombria, e não se pode honestamente presumir que todos tenham sido iludidos ou simples vítimas dos preconceitos do seu tempo.”

 

 

Ao continuar sua reflexão, o papa ressaltou que “na cruz, Jesus derrotou para sempre o poder do príncipe desse mundo”, afirmado que, “como dizia São Cesário de Arles, ‘o demônio está amarrado, como um cão numa corrente; não pode morder ninguém, exceto aqueles que, desafiando o perigo, se aproximam dele… pode latir, pode insistir, mas não pode morder, exceto aqueles que o querem’.

 

Em seguida, o pontífice fez um alerta e mencionou o uso da tecnologia: “Infelizmente, o mundo atual oferece diversas maneiras que dão oportunidades ao diabo. Por exemplo, a tecnologia moderna, além de muitos recursos positivos que devem ser apreciados, também oferece inúmeros meios para dar lugar ao diabo, e muitos aí caem. Pensemos na pornografia online, por trás da qual existe um mercado próspero: trata-se de um fenômeno muito difundido, contra o qual os cristãos devem, no entanto, precaver-se cuidadosamente e rejeitar vigorosamente.”

 

Sem diálogo

 

Papa Francisco recordou ainda que “Jesus nunca dialoga com o demônio: ou o expulsa, ou o condena, mas nunca dialoga. No deserto, Ele responde não com Suas próprias palavras, mas com a Palavra de Deus”.

 

Eis as palavras do papa: “Irmãos, irmãs, nunca dialoguem com o diabo. Quando ele vem com as tentações, dizendo ‘ah, isso seria bom, aquilo seria bom’, pare! Eleve seu coração ao Senhor, reze a Nossa Senhora e expulse-o, como Jesus nos ensinou a fazer. […] Se você for tolo e disser ao diabo: ‘Ah, como você está?’, ele o destruirá. Mantenha distância. O diabo deve ser expulso. E todos nós, todos, temos experiência de como o diabo se aproxima com alguma tentação: quando sentimos isso, pare, mantenha distância; não se aproxime do cachorro preso na corrente.”

 

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Na conclusão de sua catequese, Francisco destacou que o reconhecimento da ação do diabo na história não deve ser motivo de desânimo, e o pensamento final deve ser, também neste caso, de confiança e segurança: “Cristo derrotou o diabo e nos deu o Espírito Santo para fazer nossa sua vitória. A própria ação do inimigo pode ser aproveitada em nosso favor, se, com a ajuda de Deus, a fizermos servir para a nossa purificação. Fiquem atentos, porque o diabo é astuto – mas nós, cristãos, com a graça de Deus, somos mais astutos do que ele.”