Bombardeios e fogo de artilharia abalaram a capital do Sudão, Cartum, nesta quinta-feira (26), onde o Exército trava "batalhas ferozes" contra forças paramilitares rivais, que controlam grande parte da cidade, relataram testemunhas e uma fonte militar. 

Nas vésperas destes combates, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou a sua "profunda preocupação" com a "escalada" do conflito, que desde abril de 2023 opõe o Exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, às Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo. 

Em Cartum, os confrontos começaram de madrugada, relataram vários moradores, no que parece ser a primeira grande ofensiva do Exército em meses para recapturar partes da capital controladas por paramilitares.

Uma fonte do Exército, que falou sob condição de anonimato, disse que as forças militares cruzaram duas pontes importantes sobre o Nilo, que separam áreas da capital controladas pelo Exército daquelas controladas pelas milícias das FAR. 

Desde o início da guerra, os paramilitares expulsaram o Exército praticamente de toda a cidade. No entanto, após a sua última grande ofensiva em fevereiro, o Exército recuperou grande parte de Omdurman, cidade adjacente à capital e integrada na sua área metropolitana. 

Vários moradores de Omdurman relataram "intensos disparos de artilharia" que começaram na quinta-feira e atingiram edifícios residenciais.

Desde o início da guerra, os combates mais violentos ocorreram em áreas densamente povoadas. Ambos os lados foram acusados de crimes de guerra por atacarem deliberadamente civis e bloquearem a ajuda humanitária. 

Estados Unidos, União Europeia, França e Alemanha apelaram a um cessar-fogo imediato, manifestando preocupação com a interferência estrangeira, entre acusações de que os Emirados Árabes Unidos forneceram armas às FAR.

A guerra causou dezenas de milhares de mortes, com estimativas que variam entre 20 mil e 150 mil, já que a maioria das vítimas não é registrada, segundo os médicos. 

Também deslocou mais de 10 milhões de pessoas, o equivalente a um quinto da população do Sudão, e constitui uma das piores crises humanitárias dos últimos tempos, segundo a ONU.

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