Ao menos 3.661 pessoas morreram desde janeiro no Haiti devido à violência das gangues, alertou nesta sexta-feira (27) a ONU, que apontou a falta de equipamento e de pessoal da missão policial multinacional.

"Nenhuma vida a mais deve ser perdida para esta criminalidade sem sentido", afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, em um comunicado.

Segundo o relatório da ONU, que inclui o período de janeiro a junho de 2024, ao menos 860 pessoas morreram e 393 ficaram feridas em operações policiais e de patrulha em Porto Príncipe. Isto "poderia constituir um uso excessivo da força, injustificável e desproporcional", alerta a ONU.

O Haiti enfrenta há muito tempo um grave problema de violência de gangues, acusadas de assassinatos, saques, estupros e sequestros. Nos últimos meses, as ações dos grupos criminosos aumentaram e agravaram uma crise humanitária que já deixou quase 600 mil deslocados, segundo a ONU.

Em outubro de 2023, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o envio de uma Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MMAS), liderada pelo Quênia, para ajudar a polícia haitiana.

Até o momento, o Quênia enviou quase 400 policiais ao país da América Central, que também recebeu 20 agentes procedentes da Jamaica e de Belize. 

Segundo o presidente queniano, William Ruto, o país deve completar até janeiro a mobilização do contingente, até alcançar 2.500 policiais.

O Alto Comissário, no entanto, destacou que "a missão precisa de equipamentos e pessoal adequados e suficientes" para lutar contra as gangues "de forma eficaz e duradoura". 

Em seu relatório, a ONU afirma que o número de vítimas de violência sexual também aumentou no primeiro semestre do ano, com o registro de estupros coletivos de crianças com menos de cinco anos.

"As gangues continuaram utilizando a violência sexual para punir, propagar o medo e subjugar a população", e recrutar crianças, afirmam as Nações Unidas.

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