A França se despediu, nesta sexta-feira (27), de Philippine, uma estudante de 19 anos cujo assassinato chocou o país e relançou o debate sobre a expulsão de criminosos estrangeiros, como o suspeito de sua morte condenado por estupro no passado.
Dezenas de pessoas lotaram o funeral da jovem na catedral de Versalhes. Seu corpo foi descoberto no sábado, enterrado no Bosque de Boulogne, no oeste de Paris, um dia depois de ter sido vista pela última vez em uma universidade próxima.
Na terça-feira, Taha O. foi detido na Suíça como suspeito do assassinato. Este jovem marroquino de 22 anos acabava de cumprir pena por estupro e estava sujeito a uma ordem de expulsão da França.
Segundo uma fonte próxima ao caso, o suspeito deixou a prisão no dia 20 de junho e deu entrada em um centro de detenção administrativa para a sua expulsão, o que exigiu autorização prévia de Marrocos.
No dia 3 de setembro, um juiz autorizou a sua saída do centro de detenção com a condição de permanecer em um hotel em Auxerre, no centro de França, e comparecer perante as autoridades quando solicitado, obrigações que não cumpriu, segundo esta fonte.
Na quinta-feira, o presidente Emmanuel Macron expressou "a emoção de toda a nação" por este "crime atroz", fazendo um apelo para que se "proteja melhor os franceses". "Evidentemente, a justiça fará o seu trabalho", acrescentou.
O assassinato relançou o debate sobre a expulsão de estrangeiros condenados e causou tensão no novo governo francês, formado pela aliança de centro-direita de Macron e o até então partido da oposição, Os Republicanos (LR, conservador).
O novo ministro do Interior, Bruno Retailleau, cujas posições sobre migração e segurança se aproximam da extrema direita, reconheceu que é necessário "aprender" com o ocorrido e modificar o "arsenal jurídico" das expulsões.
Deputados do LR apresentaram um projeto de lei para ampliar consideravelmente o período de detenção de "estrangeiros clandestinos perigosos". O líder da extrema direita Jordan Bardella condenou a "irresponsabilidade da justiça".
Associações feministas e partidos de esquerda fizeram um apelo para que se considerasse o crime do ponto de vista dos feminicídios e não da imigração. O sistema de Justiça abriu uma investigação por estupro e homicídio.
"Este crime de ódio nos choca e reforça nosso dever de proteger as francesas", disse a secretária de Estado de Igualdade, Salima Saa, reiterando o compromisso do governo em lutar "contra os feminicídios".
Segundo o coletivo feminista #Noustoutes, a morte de Philippine elevou para 104 o número de feminicídios desde o início do ano na França. Segundo números oficiais, que contabilizam apenas os assassinatos cometidos por um cônjuge, 833 mulheres foram vítimas de seus companheiros entre 2017 e 2023.
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