O juiz russo que condenou o jornalista americano Evan Gershkovich a 16 anos de prisão por "espionagem", que posteriormente foi libertado em uma troca de prisioneiros, admitiu não ter examinado nenhuma "prova material" durante o julgamento, informou a agência de notícias estatal Ria Novosti nesta sexta-feira (27).

Gershkovich, repórter do Wall Street Journal, o próprio jornal, sua família e o governo dos EUA sempre negaram as acusações de espionagem, e afirmam que a Rússia nunca fundamentou provas claras.

O jornalista foi preso em março de 2023 quando realizava uma reportagem em Ural, e foi condenado em julho após um rápido julgamento a portas fechadas.

O juiz encarregado do caso, Andrei Mineyev, explicou que a rapidez do processo foi devido à falta de "provas materiais" apresentada perante o tribunal, segundo Ria Novosti.

“A razão pela qual o caso foi examinado tão rapidamente é que nenhuma prova material foi apresentada diretamente ao tribunal”, disse Mineyev durante uma palestra pública no museu de história em Ekaterinburg, a cidade onde Gershkovich foi preso e condenado.

Segundo Mineyev, nenhuma das partes solicitou que as "provas" fossem apresentadas durante o julgamento. Ele também afirmou que o arquivo do caso “não era muito volumoso” e incluía apenas o depoimento de “duas testemunhas”.

O juiz, que anunciou a condenação após apenas algumas horas de deliberação, reconheceu que esse foi um de seus “vereditos mais rápidos”, o que “é aparentemente vergonhoso”, acrescentou surpreso.

Ele brincou dizendo que a velocidade também se deve ao fato de que ele “digita rápido no teclado” do computador.

Gershkovich foi libertado no dia 1º de agosto como parte da maior troca de prisioneiros entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.

Mineyev assegurou que não teve "nenhuma informação prévia" sobre a troca e não ter sido pressionado, de acordo com o jornal Kommersant, que também cobriu a conferência.

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