"Estava em casa. Meu Deus, que explosão! Pensei que o prédio fosse cair em cima de mim (...) Não tenho palavras para descrever", exclama Abir Hammoud, uma professora na casa dos 40 anos, que mora no subúrbio de Beirute, onde Israel bombardeou o quartel-general do Hezbollah nesta sexta-feira (27).

Havia passado das 18h (12h de Brasília), quando enormes explosões estremeceram a capital libanesa e espessas colunas de fumaça subiram no subúrbio sul da cidade. Em questão de segundos, seis prédios desabaram nesta área densamente povoada.

Após o estupor inicial, veio o pânico. Os moradores fugiram em meio ao caos e as sirenes das ambulâncias eram ouvidas em toda a cidade.

Israel informou que tinha atacado o quartel-general do movimento islamista Hezbollah.

No local dos ataques, em Haret Hreik, ficaram seis enormes crateras com vários metros de profundidade, toneladas de escombros e um espesso pó cinza.

Husam El Jawad, um advogado de 45 anos, que mora a cerca de 2 km do local do bombardeio, sentiu as portas e janelas de sua casa tremerem.

Um homem de 48 anos, que não quis se identificar, contou ter ouvido várias explosões. "Era como se um grupo de aviões bombardeasse ao mesmo tempo, tive a impressão de que estavam muito perto, embora na verdade estivessem longe de mim", acrescentou.

- "A cidade treme de medo" -

Minutos depois, em Tel Aviv, o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, anunciou que um "ataque de precisão" tinha sido executado contra o "quartel-general" do Hezbollah.

Segundo emissoras de televisão israelenses, o alvo era o chefe do poderoso movimento libanês pró-Irã, Hassan Nasrallah. Uma fonte próxima ao Hezbollah informou à AFP que ele "está bem".

À noite, Israel urgiu os moradores de várias localidades da periferia sul de Beirute a evacuá-las, na previsão de novas operações militares.

Estes bombardeios, os mais intensos na periferia sul de Beirute desde a guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, ocorreram pouco após o discurso do primeiro-ministro israelense na ONU, em Nova York.

Benjamin Netanyahu prometeu continuar atacando o Hezbollah no Líbano, ignorando o apelo internacional por um cessar-fogo. Pouco depois, seu gabinete informou que ele encurtaria sua estada nos Estados Unidos para voltar a Israel.

O bombardeio deixou dois mortos e 76 feridos, segundo um primeiro balanço oficial libanês. À noite, os serviços de resgate continuavam procurando sobreviventes entre os escombros.

A coordenadora das Nações para o Líbano, Jeanine Hennis, declarou no X estar "profundamente preocupada com o impacto potencial nos civis dos bombardeios em massa" na periferia sul de Beirute.

"A cidade continua tremendo de medo. Todo mundo precisa de um cessar-fogo urgente", afirmou.

Mais de 700 pessoas, incluindo vários civis, morreram, segundo as autoridades libanesas, desde o início da campanha de bombardeios israelenses há uma semana contra redutos do Hezbollah no sul, no leste do Líbano e no subúrbio sul de Beirute.

Estes bombardeios forçaram mais de 118 mil pessoas a deixar suas casas, segundo a Organização Internacional para as Migrações.

bur-lar-cf/bk/bc-js/mvv/am