Os austríacos votam neste domingo (29) em eleições gerais que podem dar uma vitória histórica à extrema direita, após cinco anos de uma aliança inédita de conservadores e ecologistas para governar o país.
O Partido da Liberdade (FPÖ) já integrou o governo, mas nunca liderou uma votação nacional. E mesmo se for a legenda mais votada, não está claro se conseguirá formar um Executivo.
Desde 2021, quando Herbert Kickl assumiu a liderança do partido, marcado pela corrupção, a popularidade da legenda cresceu graças à irritação dos eleitores com temas como imigração, inflação, e as restrições pela covid, como aconteceu com outros partidos de extrema direita na Europa.
Kickl, 55 anos, fez campanha com slogans como "Ouse tentar algo novo". Nas pesquisas o partido tem 27% das intenções de voto.
O atual partido governante, o conservador ÖVP (Partido Popular da Áustria), do chanceler Karl Nehammer, 51 anos, tem 25% de apoio nas pesquisas.
Nehammer fez campanha com a promessa de "estabilidade, ao invés de caos".
Os locais de votação permanecerão abertos até 17H00 GMT (14H00 de Brasília) e pouco depois devem ser divulgadas as primeiras projeções, baseadas nos votos enviados pelo correio nas urnas que fecham mais cedo.
Mais de 6,3 milhões de pessoas estão registradas para votar, entre nos nove 9 milhões de habitantes do país.
O FPÖ integrou o Executivo pela primeira vez em 2000, o que gerou protestos no país e sanções da União Europeia.
Porém, desde então, os partidos de extrema direita ganharam popularidade na Europa.
"Desta vez será diferente (...) desta vez nós vamos vencer a eleição", declarou Kickl na sexta-feira em Viena.
No discurso, ele criticou as sanções da UE contra a Rússia, atacou o atual governo e insistiu no conceito de "remigração", que defende a expulsão de pessoas de origem étnica não europeia que não teriam se integrado plenamente ao país.
- Possíveis alianças -
A popularidade dos conservadores registrou forte queda desde 2019, quanto tinham o apoio de 37% da população.
Seus aliados na coalizão, os Verdes, têm agora apenas 8% de apoito nas pesquisas, quase metade dos votos recebidos em 2019.
Os analistas, no entanto, acreditam que mesmo em caso de vitória do FPÖ, o partido não terá cadeiras suficientes no Parlamento e não encontrará aliados para formar um governo.
O conservador Nehammer reiterou sua recusa a trabalhar com Kickl, que se autodenomina o futuro "Volkskanzler", o chanceler do povo, um termo usado com Adolf Hitler na década de 1930.
Ao votar neste domingo, Nehammer voltou a pedir uma "política de estabilidade" e o bloqueio das "vozes radicais". "Há muito em jogo", insistiu, em referência às eleições decisivas para o futuro da Europa e à guerra na Ucrânia.
Para impedir um governo de Kickl pode ser necessário formar uma coalizão sem precedentes de três partidos, com o ÖVP à frente, ao lado dos social-democratas e de um terceiro partido, que poderia ser o liberal NEOS.
Mas se o ÖVP conquistar a maioria das cadeiras ou acabar em uma situação semelhante à do FPÖ, os analistas antecipam uma possível coalizão na qual a legenda de extrema direita seria o aliado minoritário.
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