O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, participa de uma entrevista coletiva ao lado da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, na Casa Branca, em Washington  -  (crédito: Drew Angerer - 26.set.24/AFP)

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, participa de uma entrevista coletiva ao lado da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, na Casa Branca, em Washington

crédito: Drew Angerer - 26.set.24/AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia, diz acreditar que o Brasil, como um país democrático, tem poucas afinidades com a Rússia, com o Irã ou com a Coreia do Norte, que em algum momento tentaram negociar um final diplomático para o conflito que opõe os russos àquele pais do Leste Europeu.

 

O governante ucraniano ainda criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por demonstrar proximidade com o Kremlin. A crítica está em entrevista que ele deu em agosto, em Kiev, ao apresentador da TV Globo Luciano Huck. O encontro está entre os melhores momentos de um documentário lançado pela Globoplay e intitulado "Huck e Zelensky - Não Está Tudo Bem".

 

 

A frase foi pronunciada pelo próprio presidente quando Huck lhe perguntou se ele poderia dar notícias que tranquilizassem sua família no Brasil. A cidade de Kiev havia sido bombardeada por duas centenas de mísseis e drones que mataram sete civis.

 

Era madrugada quando os alarmes foram acionados. A equipe da Globo se refugiou no segundo subsolo do hotel. Os hóspedes, instruídos pela recepção, baixavam em seus celulares os aplicativos que acionavam outros alarmes quando da possibilidade de bombardeios.

 

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Horas depois o temor das bombas inimigas também se materializava no interior do palácio presidencial, onde as janelas do andar térreo estavam bloqueadas por sacos de areia, e nenhuma iluminação clareava o ambiente.

 

 

Huck disse a Zelenski ter com ele, como afinidade, o fato de ser também judeu, tema que o presidente ucraniano de imediato minimizou. O apego ao país e sua defesa diante de uma agressão estrangeira, afirmou, independe da religião do cidadão ou do militar ucraniano. Disse ainda que só a leviandade de Vladimir Putin, o presidente da Rússia, o faria a chamar os nacionalistas ucranianos de nazistas.

 

 

Em verdade, e o documentário não explica, na Ucrânia dos tempos soviéticos, ser judeu era ter uma nacionalidade diferente. Não era bem a mesma coisa que ser ucraniano. Era por essa válvula verbal que saia parte do antissemitismo.

 

Em outro momento Zelenski disse que a superação da ideologia racista e de extrema direita exigiu um esforço coletivo e demorado dos alemães, hoje alinhados à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.

 

São ucranianos três dos quatro avós de Luciano Huck, que visitou a cidadezinha de Brodi, de onde vem a família de seu lado materno. Ele se comoveu ao reconhecer as ruínas de uma sinagoga e ao se referir ao cemitério judaico com 3.000 sepulturas, algumas delas de seus tios-avós que os nazistas exterminaram. Uma parte desses familiares emigrou antes da guerra ao Uruguai, e é por isso que sobreviveu o ramo ao qual o apresentador pertence.

 

Ele também havia gravado no Brasil, e mostrou a Zelenski, a mensagem de uma jovem ucraniana hoje moradora do Paraná. Ao ouvir sua mensagem, o presidente disse a ela que faria de tudo para que ela um dia voltasse à Ucrânia, não a algum território ocupado militarmente pelos russos.

 

No centro de Kiev, o documentário mostrou milhares de bandeiras fincadas no chão, uma para cada militar ou voluntário que morreu desde 2022 no conflito. Havia um cantinho reservado a bandeiras brasileiras.

 

 

 

HUCK E ZELENSKY - NÃO ESTÁ TUDO BEM

 

Onde Disponível na Globoplay

 

Classificação 12 anos

 

Direção Guilherme Melles

 

Duração 65 minutos