Bogotá acordou em meio ao caos no trânsito nesta terça-feira (3),devido aos bloqueios de trabalhadores dos transportes que protestam na capital e em outras cidades da Colômbia contra o aumento do preço do diesel decretado pelo governo. 

Dezenas de caminhões estacionados nas principais vias de acesso a Bogotá causam engarrafamentos monumentais e afetam rotas de ônibus e coleta de lixo, segundo o governo local. 

"Como resultado desses bloqueios, são mais de 300 mil usuários do sistema (de transporte público) Transmilenio afetados. O tempo médio de atraso é de 2 horas", disse o prefeito de Bogotá, Carlos Fernando Galán, na rede social X, que ordenou o trabalho remoto para funcionários do distrito e suspendeu as aulas em escolas públicas. 

Segundo o que foi anunciado há semanas pela administração do esquerdista Gustavo Petro, o preço do combustível usado pela maioria dos veículos de carga manteve-se em cerca de 2,7 dólares (R$ 15,17) por galão (3,8 litros), depois de um aumento do equivalente a 46 centavos de dólar (R$ 2,58) no fim de semana. 

Em resposta ao aumento, em vigor desde sábado, o sindicato dos transportes estabeleceu bloqueios intermitentes nas entradas para Bogotá e nas rotas que conectam a capital com a Venezuela, o sul do país e a costa do Caribe.

"O país não se deixará bloquear. O aumento do diesel é justo porque só está sendo recuperado o dinheiro de um subsídio que nunca deveria ter sido dado", respondeu nesta terça-feira na rede X o presidente Petro, que tem desmantelado gradualmente os subsídios à gasolina e agora enfrenta os do diesel. 

"Dar comida às pessoas com fome e educação às nossas crianças e jovens obriga-nos a equiparar os preços" desse combustível aos do mercado internacional, acrescentou o presidente de esquerda. 

Segundo a Defensoria do Povo, "existem 35 bloqueios no país, sendo 10 deles absolutos e que não permitem a passagem de alimentos, remédios, ambulâncias e ônibus escolares".

- "Paralisação empresarial" -

Em Medellín (noroeste), a segunda maior cidade do país, interrupções intermitentes congestionam a estrada que leva ao principal aeroporto da região, informou a autoridade rodoviária. 

Enquanto isso, em Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, os protestos obrigaram a Prefeitura a suspender as aulas nas escolas. Pelo menos outros dez municípios também foram afetados, segundo a imprensa local. 

A polícia está presente na maioria dos pontos de concentração, mas até agora não fez nenhuma tentativa para dispersar os manifestantes. 

Petro antecipou esta manhã "medidas adequadas para enfrentar (…) uma paralisação empresarial". 

Aproximadamente 90% das mercadorias na Colômbia são transportadas em caminhões, segundo o Ministério dos Transportes, devido à precariedade das ferrovias e ao limitado transporte fluvial existente.

Os transportadores e o governo realizaram diversas reuniões nas últimas semanas sem chegar a um acordo sobre o aumento do valor do combustível. O Executivo busca um aumento gradual de 1,5 dólar (R$ 8,40) como medida para tapar o rombo nas finanças públicas provocado pelo subsídio ao diesel, que está estimado em cerca de 288 milhões de dólares (R$ 1,6 bilhão) em 2024. 

O preço está congelado desde 2020 e é o terceiro mais barato da região, atrás apenas do Equador e da Bolívia, segundo o Executivo. 

No poder desde 2022, Petro tem uma agenda ambiental ambiciosa que inclui acelerar a transição da economia para energias limpas.

jss/lv/nn/mr/aa/mvv

compartilhe