Dezenas de vírus, alguns novos e com potencial de transmissão para humanos, foram detectados em criadouros de animais destinados à venda de pele na China, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (4) na revista Nature.

O virologista Edward Holmes, que liderou pesquisas sobre a covid-19, é um dos autores deste novo estudo sobre o potencial perigo dos vírus nos criadouros do país asiático, onde surgiram os primeiros casos da síndrome respiratória no fim de 2019.

A equipe de cientistas, comandada por pesquisadores chineses, sequenciou o material genético de amostras de pulmões e intestinos de 461 animais destinados à venda de pele, como visons, coelhos, raposas e cães-guaxinim que morreram por doenças em todo o país entre 2021 e 2024.

A maioria dos animais era de criadouros, mas cerca de cinquenta eram selvagens.

A equipe detectou 125 vírus, dos quais 36 nunca haviam sido descobertos antes, de acordo com o estudo.

Trinta e nove desses vírus, incluindo 13 novos, apresentam potencialmente um "alto risco" de serem transmitidos de uma espécie para outra, incluindo para humanos, segundo os pesquisadores.

Também foram detectados vários tipos de gripe aviária em cobaias, visons e ratos-almiscarados. Foram identificados sete tipos de coronavírus, mas nenhum estreitamente relacionado ao SARS-CoV-2.

O que mais preocupa Edward Holmes é o coronavírus de pipistrelles HKU5, que já havia sido detectado em morcegos, mas que desta vez foi encontrado nos pulmões de dois visons de criadouro.

Trata-se de um parente do coronavírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), potencialmente mortal para humanos.

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