Uma das facções dissidentes da antiga guerrilha das Farc, a Segunda Marquetalia, exigiu durante uma entrevista à AFP o levantamento da ordem de prisão contra seu histórico líder, para desbloquear as negociações de paz com o governo colombiano.
O processo "não avançou em nada", disse à AFP o número dois e negociador-chefe da organização, Walter Mendoza, durante uma entrevista exclusiva em uma zona rural do departamento de Nariño, sudoeste da Colômbia.
É a primeira vez desde sua fundação, em 2019, que o grupo concede uma entrevista à AFP.
"Estamos totalmente prontos para que este processo avance", disse Mendoza, cercado por homens armados, campos de coca a perder de vista e laboratórios de pasta-base, perto das cidades de Llorente e Zabaleta, redutos do grupo.
O problema é que, por parte do governo, "não fizeram absolutamente nada" sobre o que foi decidido em Caracas, acusa Mendoza, 67 anos, figura histórica das Farc com "quase 46 anos" na selva.
As negociações entre o governo de esquerda do presidente Gustavo Petro e a Segunda Marquetalia começaram no final de junho na vizinha Venezuela, base de retaguarda dos rebeldes.
A Segunda Marquetalia aceitou então um cessar-fogo unilateral, e as duas partes concordaram com uma reunião antes de 20 de julho em Nariño, que acabou não se realizando.
A encontro de 20 de julho foi cancelado pelo governo departamental, "com o pretexto de que não havíamos fornecido nenhum contato (…), o que é totalmente falso, não nos disseram nada", afirma o principal negociador desta guerrilha.
Uma das questões que o preocupa é o "georreferenciamento" dos territórios sob seu controle. A delimitação das áreas rebeldes "não pode ser feita de um dia para o outro", explica.
A Segunda Marquetalia está presente em doze regiões do país e embora digam que tenha entre 1.700 e 2.000 integrantes, esse é apenas o número de comandantes, brinca Mendoza.
A Segunda Marquetalia é o segundo grupo dissidente mais importante das antigas Farc, depois do Estado-Maior Central (EMC).
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