O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse neste domingo (8) que a viagem para a Espanha do líder da oposição Edmundo González Urrutia, rival do presidente Nicolás Maduro nas últimas eleições, representa o fim de “uma comédia”.

González Urruita, um diplomata de 75 anos que reivindica sua vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho, chegou à Espanha neste domingo depois de solicitar asilo político ao país europeu e após permanecer escondido por mais de um mês.

"Eu diria que termina a breve temporada de uma peça humorística, de um gênero que eu poderia dizer de comédia, de teatro bufão, que começou neste ano de 2024 e que foi chamada de maneira fatídica de 'Até o final'", ironizou Saab.

O procurador-geral se referiu ao mandado de prisão contra o líder da oposição “por suas repetidas ausências”, mas não esclareceu se o caso foi encerrado após sua saída do país.

González Urrutia estava sendo investigado por “usurpação de funções”, “falsificação de um documento público”, “conspiração”, “instigação à desobediência das leis” e “sabotagem”.

Isso aconteceu após a publicação por um site de cópias de 80% das atas de votação compiladas por testemunhas eleitorais que a oposição apresentou como evidências da vitória de González Urrutia. O governo, por sua vez, afirma que o material digitalizado está repleto de inconsistências.

Saab ironizou o fato de que a “última apresentação” da “peça de teatro chamada ‘Até o final’” - um slogan popularizado pela líder da oposição María Corina Machado durante a campanha - foi encenada quando González Urrutia fez sua despedida “na pista do aeroporto de Maiquetía”, na região de Caracas.

“Pode-se dizer que esse foi o capítulo final dessa obra medíocre que causou ansiedade, sangue, suor e lágrimas a espectadores inocentesm com uma atriz coadjuvante que fez o papel de vilã”, disse Saab, em referência a Machado.

Machado disse que a saída do líder da oposição da Venezuela era necessária para “preservar sua liberdade e sua vida” em meio a “uma onda brutal de repressão”.

Maduro, que teve a vitória validada pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) em 22 de agosto, foi proclamado vencedor com 52% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que não divulgou as atas de votação, alegando que seu sistema sofreu um ataque de hackers.

Após o anúncio da reeleição do líder chavista, eclodiram manifestações que deixaram 27 mortos e 192 feridos, além de quase 2.400 presos.

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