O plano da Hungria de enviar os solicitantes de asilo que chegam à sua fronteira com a Sérvia para Bruxelas em ônibus provocou duras críticas do governo belga nesta segunda-feira (9).
As autoridades húngaras já haviam ameaçado aplicar o plano em agosto, mas o projeto ganhou novas proporções nos últimos dias, com uma operação midiática que revelou os ônibus amarelos que realizariam a missão.
"A União Europeia quer forçar a Hungria a deixar entrar os clandestinos que paramos na fronteira sul do país", criticou na sexta-feira o vice-ministro do Interior, Bence Retvari.
"Bem, uma vez aplicados os procedimentos europeus, vamos oferecer a eles um bilhete só de ida gratuito para Bruxelas", alertou.
A Justiça europeia determinou em junho uma multa recorde de 200 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão na cotação da época) à Hungria por não cumprir os tratados de asilo, juntamente com uma multa diária de um milhão de euros (quase R$ 6 milhões).
Mas Budapeste recusa pagar a multa e classifica a decisão como "injusta" e "escandalosa".
Esta ameaça é "inaceitável" e "mina a solidariedade e a cooperação dentro da União", reagiu a secretária de Estado belga para o Asilo e Migração, Nicole de Moor, afirmando em comunicado que é uma "violação flagrante dos acordos europeus e internacionais".
O primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orban, é um firme opositor à imigração e mantém uma relação difícil com a UE sobre esta questão.
Durante a crise migratória de 2015, ergueu uma cerca de arame farpado ao longo da sua fronteira e tornou praticamente impossível aos refugiados procurarem asilo na Hungria.
Segundo ele, o objetivo é a "defesa" de uma Europa "cristã".
Se a Hungria não pagar a multa imposta pelo mais alto tribunal do bloco, a Comissão Europeia deduzirá dos fundos destinados ao país a quantia ainda não quitada.
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