O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, negou nesta segunda-feira (9) que a polêmica reforma proposta pelo seu governo seja uma tentativa de "demolição" do Poder Judiciário, como afirmou a presidente da Suprema Corte de Justiça, Norma Piña.

"Ela usou a palavra demolição, mas não se vai destruir nada, ao contrário", disse López Obrador durante sua habitual coletiva de imprensa, referindo-se à reforma polêmica que prevê, principalmente, a eleição popular de juízes e ministros.

"[Piña] está no seu direito, assim como todos que se opõem à reforma do Poder Judiciário. No entanto, é evidente (...) que a corrupção impera no poder Judiciário e que é urgente limpá-lo para o benefício de todos", acrescentou.

Em um vídeo divulgado no domingo, a presidente da Suprema Corte afirmou que "a demolição do Poder Judiciário não é o caminho" para reformar este setor.

Ao anunciar duas propostas alternativas de reforma elaboradas pelo próprio Poder Judiciário, Piña acrescentou que a eleição afetaria a independência dos juízes e facilitaria "o envolvimento de grupos de poder e de crime organizado".

Na semana passada, a ministra-presidente decidiu consultar seus colegas para saber se o mais alto tribunal mexicano é competente para barrar a reforma, que já foi aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados em meio a protestos maciços, principalmente de trabalhadores do Judiciário e estudantes.

Em resposta, López Obrador disse que a Suprema Corte cometeria uma "aberração" se bloqueasse a iniciativa.

A reforma foi aprovada por duas comissões do Senado no domingo e espera-se que seja apresentada ao plenário na terça-feira para votação no dia seguinte.

O governo só precisa de um voto na Câmara Alta para alcançar os 86 votos necessários (dois terços) para aprovar reformas constitucionais, embora o líder do Senado, Gerardo Fernández Noroña, afirme que 85 votos seriam suficientes.

Analistas indicam que as preocupações dos investidores com a reforma contribuíram para a desvalorização do peso frente ao dólar.

López Obrador, no entanto, disse nesta segunda-feira que os movimentos na moeda "têm a ver fundamentalmente com fatores externos".

"Não tem a ver, como dizem nossos adversários, com o medo que os mercados têm da reforma judicial", assegurou.

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