"Criminosos bárbaros", "assassinos e terroristas": Donald Trump redobrou seus ataques nesta sexta-feira (13) contra os migrantes e acusou sua rival democrata Kamala Harris de querer transformar os Estados Unidos em um "campo de refugiados", em uma campanha cada vez mais tensa rumo à Casa Branca.

"As crianças americanas estão à mercê de criminosos bárbaros", declarou o candidato republicano à presidência durante uma coletiva de imprensa em seu complexo de golfe nos subúrbios de Los Angeles.

O ex-presidente, que multiplicou durante toda a semana seus ataques -em parte com mentiras- contra os migrantes, referiu-se mais uma vez à alegação falsa e racista de que migrantes haitianos estariam roubando cães e gatos para comê-los, na cidade de Springfield.

"Vamos organizar expulsões em massa" nessa pequena cidade de Ohio, prometeu o bilionário republicano, que fingiu desconhecer que muitos desses migrantes possuem permissão de residência.

- "Terceiro mundo" -

Durante a coletiva de imprensa, Trump acusou sem provas a rival democrata na eleição de novembro de trazer ilegalmente para o país, de avião, "alguns dos piores assassinos e terroristas".

"Kamala vai transformar os Estados Unidos em um campo de refugiados do Terceiro Mundo. Já é isso até certo ponto", ressaltou em outro discurso.

O candidato republicano colocou a imigração, uma das principais preocupações dos eleitores segundo as pesquisas, no centro de sua nova candidatura à Casa Branca. Fez o mesmo em 2016, quando sua campanha girou em torno da proposta de um muro na fronteira com o México.

Se vencer em 5 de novembro, ele promete combater a imigração ilegal com deportações em massa.

O septuagenário tem previsto participar à tarde de um comício no estado de Nevada, no oeste dos Estados Unidos, onde é provável que o tema da imigração volte a ser amplamente discutido.

Uma ativista da direita radical recentemente vista no entorno da campanha de Trump, Laura Loomer, atacou violentamente Kamala, cuja mãe é indiana, escrevendo recentemente na rede social X que, se a democrata vencesse, a Casa Branca "cheiraria a curry".

Nesta sexta-feira, Kamala Harris estará no estado possivelmente mais crucial das eleições presidenciais: a Pensilvânia, com seus 19 votos eleitorais.

- Teoria da conspiração -

Até o momento, a vice-presidente não respondeu aos comentários do rival. Quando Trump levantou a teoria da conspiração sobre os animais de estimação durante o debate televisionado de terça-feira, Kamala reagiu balançando a cabeça com veemência e com uma expressão que mesclava diversão e indignação.

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos nunca respondeu aos ataques à sua identidade. Tem conduzido sua campanha de forma muito metódica e com uma postura decididamente centrista.

Na quinta-feira, a democrata de 59 anos fez um discurso bem afinado na Carolina do Norte, outro estado fundamental do histórico Sul americano, na costa atlântica.

"É hora de virar a página" sobre Trump, insistiu ela, prometendo defender a classe média e o direito ao aborto.

Kamala, que entrou com força na corrida presidencial após a desistência de Joe Biden há menos de dois meses, insistiu que as eleições serão "muito acirradas" e que ela "não é a favorita".

A candidata, que segundo a opinião geral dominou seu oponente durante o debate de terça-feira, não poderá contar com um novo confronto desse tipo para lhe dar impulso: Trump, de fato, descartou na quinta-feira uma revanche.

Em um Estados Unidos que agora parece irremediavelmente dividido politicamente, os dois candidatos estão lado a lado nas pesquisas.

Como em 2016 e 2020, é provável que tudo se resuma a algumas poucas dezenas de milhares de votos indecisos em seis ou sete estados estratégicos, independentemente do número total de votos em todo o país, já que as eleições se realizam de acordo com o princípio do sufrágio universal indireto.

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