O Exército israelense recorrerá a "todos os meios" para recuperar os reféns, incluindo os mortos, ainda detidos na Faixa de Gaza, garantiu o seu porta-voz a um grupo de jornalistas estrangeiros na devastada cidade palestina de Rafah.

Os reféns "estão todos em Gaza, detidos pelo Hamas em condições cruéis, como neste túnel", declarou na sexta-feira o contra-almirante Daniel Hagari na entrada de um duto que levava a um subsolo.

É neste local que o Exército israelense afirma ter encontrado seis prisioneiros executados sumariamente por seus carcereiros há duas semanas.

"Temos que fazer tudo, todo o possível e (usar) todos os meios para devolvê-los para casa", acrescentou durante uma breve visita de jornalistas estrangeiros, incluindo um cinegrafista da AFP, com o Exército de Israel à Faixa de Gaza. 

Devido às restrições impostas por Israel após a eclosão da guerra, há mais de 11 meses, os jornalistas internacionais não podem entrar sozinhos neste território palestino devastado pelos bombardeios e confrontos. 

O anúncio, no início de setembro, da descoberta de seis reféns mortos provocou indignação em Israel, onde aumentam as críticas contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por não ter feito o suficiente para chegar a um acordo com o Hamas que permitisse a libertação dos sequestrados. 

A guerra eclodiu com o ataque do grupo islamista palestino ao sul de Israel, em 7 de outubro, que matou 1.205 pessoas, incluindo reféns mortos ou que foram assassinados em cativeiro, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. 

A campanha militar de Israel já deixou mais de 41.100 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas.

- "Labirinto" -

No extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito, a cidade de Rafah está devastada por confrontos terrestres desde maio, segundo imagens captadas pelo jornalista da AFPTV, que foram verificadas pela censura militar israelense antes de serem transmitidas. 

Além dos soldados, não sobrou ninguém nas ruas, transformadas em uma sequência de fachadas de edifícios completamente destruídas. 

O barulho dos drones israelenses sobrevoando a cidade é incessante. De longe, ouvem-se ocasionais rajadas de armas automáticas. 

"Há aqui um labirinto de túneis (...), debaixo das casas. Por isso a destruição", explicou Hagari. "Para destruir (o Hamas e encontrar os reféns), temos que assumir o controle deste sistema subterrâneo", disse ele justificando a duração dos combates. 

O Exército israelense também levou o grupo de jornalistas ao corredor Filadélfia, uma zona tampão que atravessa o sul de Gaza, na fronteira com o Egito. 

O controle deste corredor pelos militares de Israel é um dos obstáculos nas negociações indiretas entre o país e o Hamas, realizadas com a mediação de Catar, Egito e Estados Unidos. 

O grupo islamista exige a retirada total das forças israelenses de Gaza, mas Netanyahu insiste em manter o controle deste corredor, recentemente pavimentado pelo Exército israelense.

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