O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) está prestes a reduzir suas taxas de juros pela primeira vez desde 2020. A decisão deverá ser anunciada durante uma reunião de política monetária nesta semana.

A redução marcaria o início de um ciclo de flexibilização monetária, o qual encerraria o período de alta inflação que os Estados Unidos enfrentaram nos últimos três anos.

"A tão esperada redução das taxas do Fed finalmente chegará" na quarta-feira (18), após uma reunião de dois dias em Washington, prevê Nancy Vanden Houten, economista da Oxford Economics.

As intenções do Federal Reserve não são segredo: seu presidente, Jerome Powell, afirmou em agosto que "chegou o momento" para uma redução nas taxas de juros.

Como muitos bancos centrais após a pandemia, o Fed recorreu à elevação das taxas de juros para encarecer o crédito, o que reduziu o estímulo ao consumo e ao investimento e, assim, aliviou a pressão sobre os preços.

Este seria o primeiro corte desde 2020, quando as taxas estavam em outro extremo, praticamente próximas do zero, para sustentar a atividade econômica.

Atualmente, o intervalo para as taxas de referência da maior economia mundial está em 5,25%-5,50%, o máximo em duas décadas.

"A questão não é mais saber se eles vão reduzir (as taxas) ou não, mas em quanto", indicou à AFP Alicia Modestino, professora de economia da Northeastern University de Boston e ex-economista do Fed de Boston.

- 0,25 ou 0,5 ponto percentual -

Os diretores do Fed podem optar por um corte moderado de 0,25 ponto percentual ou por uma redução mais significativa, de 0,5.

As previsões entre os analistas de mercado estão praticamente empatadas, embora uma pequena maioria espere que as taxas sejam reduzidas em 0,25 ponto, de acordo com as previsões do CME Group.

"O mercado de trabalho está esfriando sem desmoronar, o consumidor continua sendo resiliente e a inflação está se moderando, mas provavelmente é cedo demais para declarar que a missão está cumprida", resumiu Nancy Vanden Houten.

"O Fed está mais preocupado agora com o mercado de trabalho, mas a inflação ainda é importante", explica. Os dados recentes "foram ligeiramente decepcionantes e mostram que a inflação ainda tem um caminho a percorrer antes de atingir a meta de 2%", considerada saudável para a economia pelo banco central, acrescentou.

A inflação, que desde 2011 corrói o poder de compra dos americanos, está se moderando progressivamente. O índice mais seguido pelo Fed, PCE, permaneceu estável em 2,5% em 12 meses até julho. Os dados de agosto serão divulgados em 27 de setembro.

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) caiu para 2,5% em 12 meses em agosto, frente a 2,9% em julho, o nível mais baixo desde fevereiro de 2021. Mas a inflação subjacente, que exclui os preços voláteis de energia e alimentos, subiu na comparação mensal.

Em plena campanha eleitoral, a Casa Branca anunciou na quarta-feira que o país está virando "a página da inflação".

- Fator emprego -

Alicia Modestino também espera uma "pequena redução" apenas. "O outro lado da moeda é, evidentemente, o emprego", com uma "tendência de enfraquecimento".

Mas "ainda não estamos na zona de risco", destaca a analista. Portanto, "nada justifica uma variação significativa nas taxas de juros agora".

Segundo Gregory Daco, economista-chefe da EY, também acredita em um corte de 0,25 ponto, já que "uma redução mais significativa equivaleria a uma admissão implícita de que o Fed cometeu um erro ao não flexibilizar sua política (monetária, ou seja, reduzir suas taxas) em julho".

O Banco Central Europeu (BCE), que começou a reduzir estes índices em junho, voltou a diminuí-los na quinta-feira, em 0,25 ponto.

O Fed também atualizará as previsões de inflação, PIB e desemprego na quarta-feira, em sua última reunião antes das eleições presidenciais dos EUA, marcadas para 5 de novembro.

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