O ambientalista Juan López, que lutava contra a mineração a céu aberto em Honduras, foi assassinado a tiros na noite de sábado (14) no nordeste do país, um crime que provocou indignação entre as autoridades.

Segundo relatos da imprensa local, López, de 46 anos, foi morto por indivíduos quando estava dentro de seu veículo após sair de uma igreja no município de Tocoa (no Departamento de Colón), onde vivia e atuava como vereador.

"Repudiamos o assassinato vil do companheiro e líder ambientalista Juan López em Tocoa, Colón. Ordenei que toda a capacidade das forças de segurança seja utilizada para esclarecer esta tragédia e identificar os responsáveis", afirmou a presidente hondurenha, Xiomara Castro, na rede social X.

"Justiça para Juan López", acrescentou a mandatária esquerdista, expressando sua solidariedade com familiares e amigos do ambientalista, que era membro do partido governista Liberdade e Refundação (Libre).

Thelma Peña, esposa de López, disse em uma breve ligação telefônica à AFP que o ativista foi atacado "a tiros" momentos após sair da igreja. Ela não estava presente.

A polícia divulgou um comunicado na madrugada deste domingo informando que está coletando evidências "que permitirão esclarecer os fatos" e pediu à "população que possua informações relevantes sobre o crime que entre em contato de forma confidencial" através da linha de emergência.

- Medidas cautelares da CIDH -

O ambientalista havia solicitado recentemente, em uma coletiva de imprensa, a renúncia de membros do partido Libre em Tocoa, após estes aparecerem em um vídeo negociando subornos com narcotraficantes em 2013, o que gerou um escândalo no país.

Carlos Zelaya, irmão do ex-presidente Manuel Zelaya - que por sua vez é marido da presidente, aparece no vídeo. Após reconhecer sua participação no encontro, Carlos renunciou ao cargo de deputado e à posição de secretário do Congresso.

López contava com medidas cautelares ordenadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) desde outubro de 2023, devido a ameaças contra ele e outros ambientalistas de Tocoa.

- Perigo para ambientalistas -

López era um ferrenho opositor à mineração a céu aberto e denunciou danos na reserva florestal de Botaderos, perto de Tocoa, 220 km a nordeste de Tegucigalpa.

Ele já havia alertado, em novembro de 2021, sobre os riscos enfrentados pelos ambientalistas em Honduras: "Quando você se envolve neste país para defender os bens comuns [...] você entra em choque com grandes interesses", disse durante uma entrevista à AFP.

"Se você sai de casa, sempre tem em mente que não sabe o que pode acontecer e se pode voltar para casa, e se pode voltar a ver a família", afirmou López na ocasião.

López também contou na entrevista à AFP que foi avisado de que aconteceria com ele algo semelhante ao que ocorreu com Berta Cáceres, a renomada líder ambientalista hondurenha assassinada a tiros em 2 de março de 2016 por se opor à construção de uma hidrelétrica no oeste do país.

Honduras é um dos países mais letais para os ativistas ambientais no mundo, de acordo com a ONG Global Witness.

A organização indicou, em um relatório publicado na semana passada, que o país da América Central está em quarto lugar entre os locais mais perigosos para ambientalistas, com 18 assassinatos em 2023, atrás de Colômbia (79) e Brasil (25) e junto ao México.

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